Após reunião na noite de domingo para avaliar desdobramentos do apagão na Grande São Paulo, dirigentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Reguladora de Serviços Públicos de São Paulo (Arcesp) afirmaram que a Enel, concessionária de energia que atende 24 municípios, disponibilizou um número de funcionários aquém do que ela própria havia prometido para lidar com eventos dessa magnitude.
O presidente da concessionária, Guilherme Alencastre, não deu um prazo para o restabelecimento completo do serviço; até a noite de domingo, dois dias após o temporal de sexta-feira, ainda havia 698 mil imóveis sem luz na capital e na Região Metropolitana.
A crítica de órgãos de controle ao descumprimento do plano de contingência aumenta a pressão sobre a Enel, também alvo de cobranças do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do governo federal. Em entrevista coletiva após a reunião, o diretor da Arcesp, Thiago Veloso, afirmou que a Enel havia se comprometido a empregar 2,5 mil pessoas em “cenário de contingência extrema”, como o desta semana. O plano havia sido apresentado após outro apagão, em 2023.
— Esse número ainda não foi alcançado. Nós temos hoje de 1,7 mil a 1,8 mil pessoas. (...) Nos preocupa a capacidade de mobilização neste momento e a velocidade desse restabelecimento do serviço em São Paulo — disse Veloso.
O diretor da agência afirmou ainda que o restabelecimento do serviço por parte da Enel está mais lento do que em outro apagão causado por temporais, no fim de 2023. A concessionária informou que só atingirá nesta segunda-feira o patamar de 2,5 mil trabalhadores, três dias após o apagão.
Na véspera, o governador Tarcísio de Freitas havia cobrado o Ministério de Minas Energia e a Aneel para abrir “imediatamente” o processo de caducidade do contrato da Enel. Neste domingo, o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, afirma que está avaliando a evolução da reação da Enel ao evento, e que o processo vai tomar o tempo necessário para que a empresa seja punida, se for o caso de fazê-lo.
Além do apagão, o temporal com forte ventania em São Paulo deixou um rastro de sete mortes e de transtornos em serviços públicos e ao comércio. O impacto acabou transbordando ainda para a campanha eleitoral à prefeitura e gerou trocas de acusações.
Por
Bernardo Lima,
Juliana Causine
Rafael Garcia— Brasília e São Paulo
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