quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Dentista que foi vítima de homofobia em drive de vacinação é encontrado morto

 




Em agosto, mulher recusou que filha fosse vacinada pelo profissional por ele ser homossexual

Glaucea Vaccari


O dentista Gustavo dos Santos Lima, de 27 anos, que sofreu homofobia no drive-thru de vacinação por uma mulher que se recusou a permitir que ele aplicasse a vacina em sua filha por ser homossexual, foi encontrado morto na madrugada desta quinta-feira (14).


A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) emitiu nota de pesar pelo falecimento do profissional, que era residente na Unidade de Saúde da Família (USF) Coophavilla II e atuava na frente de vacinação contra a Covid-19.


"Em suas publicações nas redes sociais, se mostrava realizado e satisfeito com o trabalho que vinha realizando no apoio à saúde da população do município", diz a nota.


A causa da morte não foi informada, mas nas redes sociais, amigos afirmam que o jovem lutava contra a depressão.


Nas redes sociais do dentista, amigos e outras pessoas que se solidarizam com o caso do jovem lamentaram a morte precoce.


"Descanse em paz, com certeza esse mundo não te merecia e você não merecia ter sofrido o que sofreu!", diz uma das publicações.


"Quanta dor! Homofobia mata, é vil, é cruel. Brilhe no céu", diz outra.


"Imagino a dr que ele sentiu com essa atitude de pessoas que não respeitam o servidor que está disposto todos os dias a prestar o melhor possível do seu serviço. O sentimento de incapacidade, inutilidade junto com outros fatores. Que no outro plano espiritual seja recebido com todo amor e carinho que merece", comentou uma mulher no post da Sesau.


 

Homofobia

No dia 21 de agosto, o dentista foi alvo de homofobia, em caso que ganhou repercussão, sendo ele homenageado posteriormente na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.


Na ocasião, o profissional de saúde trabalhava no drive-thru do Albano Franco, aplicando vacinas contra a Covid-19 em adolescentes a partir de 13 anos, que era o público-alvo da data e que é obrigatório estar acompanhado dos pais.


Uma mulher, que aguardava na fila, ao chegar sua vez recusou que a filha fosse vacinada pelo profissional, além de proferir ofensas contra ele.


"Eu não quero que minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um viado", disse a mulher aos gritos, usando de palavras pejorativas e homofóbicas.


Em desabafo nas redes sociais, na época, o profissional contou que trabalhava normalmente em um dos boxes, local onde entram dois carros por vez.


Segundo ele, enquanto orientava as pessoas que havia acabado de vacinar, percebeu uma movimentação no carro de trás, que aguardava a vez.


A motorista do veículo gritava de dentro do carro e chegou a jogar os documentos dela e da filha no chão.


Quando outra profissional disse que a mulher deveria pegar os documentos e entregar em mãos para que a menina fosse vacinada, a mulher desceu do veículo e ofendeu o cirurgião dentista.


“Ela pegou os documentos do chão e apontou seus dedos para mim dizendo: 'eu não quero que minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um viado”, contou o profissional no Instagram.


Segundo Lima, no momento ele ficou sem reação, enquanto os demais trabalhadores do local alertaram a mulher que o que ela estava fazendo se tratava de um crime.


Fora de controle, a agressora precisou ser retirada do box. Ao ser informada que ela não seria atendida naquele drive e que deveria procurar outro, ela responde: “Com o maior prazer”, e foi embora do local.


Lima continuou o trabalho normal, vacinando todas as pessoas que passaram pelo local no período vespertino. No entanto, a situação o deixou abalado, ainda mais por ser a primeira vez que havia passado por esse tipo de agressão, segundo ele.


“Fiquei em um estado letárgico, continuei trabalhando ainda sem ter caído a ficha de que havia passado por aquilo. A senhora começou a discussão, pois já chegou ao box dizendo que não queria que eu vacinasse sua filha ou chegasse perto”, contou.


“Isso sem me conhecer ou ao menos trocar uma palavra comigo, apenas por puro preconceito”, acrescentou.


“Tudo isso aconteceu porque eu estava trabalhando, ajudando na vacinação, para que possamos sair logo dessa situação, em um sábado no qual poderia estar descansando em casa”, disse o profissional de saúde no desabafo.


Com informação do Portal Correio do Estado

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