Com uma produção de quatro toneladas de algodão orgânico (agroecológico) neste ano, Canarana (a 823 km de Cuiabá - MT) recebeu o ‘dia especial sobre a cultura do algodão’, evento promovido pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural, Secretaria de Agricultura do município e Cooperativa Regional Agropecuária Portal do Xingu (Cooperportal).
O encontro ocorreu no Sindicato Rural, em setembro, com a presença de 59 pessoas entre produtores, lideranças comunitárias e sindicais, técnicos das regionais de Barra do Garças e compradores. Foi estabelecido a meta de tornar a região do Vale do Araguaia uma referência nacional na produção de algodão agroecológico, por meio da agricultura familiar.
O técnico da Empaer, o extensionista Gildomar Avrella explica que esta safra foi produzida no assentamento Pa Guatapara e em uma Unidade Técnica de Referência de Algodão em Agrofloresta (URT), em trabalho conjunto com Secretaria de Agricultura municipal.
Ele destaca que objetivo é tornar o algodão uma importante fonte de renda para os agricultores familiares, uma vez que a cultura não utiliza produtos químicos e a colheita é feita de forma manual. “Acreditamos que a região tem condições de se tornar destaque nacional, hoje a referência são os estados do Nordeste. Com 100 pequenos agricultores plantando um hectare, o resultado será de 300 mil quilos de algodão orgânico com 100% da venda garantida”.
Segundo o técnico, a Empaer, juntamente com as secretarias municipais do Araguaia auxiliam no apoio técnico e a Cooperportal irá beneficiar o algodão com uma máquina que está sendo adquirida. “O foco é tirar o agricultor familiar da invisibilidade, oferecendo opções e oportunidades comerciais, trazendo renda e fomentando o tripé da sustentabilidade: social, econômico e ambiental”.
Como exemplo, o extensionista cita a visita de representante da empresa Veja Vert, que fabrica calçados utilizando fibras naturais e exporta para a França. “Eles ficaram surpresos e gostaram da qualidade da pluma. Na proposta comercial, ofereceram R$ 15 por quilo do algodão em pluma limpo para o produtor, mais a comissão da cooperativa, que irá beneficiar a produção”, frisa Gil.
Essa modalidade de cultivo surgiu na Paraíba a partir de uma iniciativa de produtores que começaram a plantar o algodão durante a época de chuvas e com um espaçamento maior entre as plantas, o que contribuiu para que o cultivo não fosse atacado pelo bicudo. Basicamente, o método consiste em usar sementes agroecológicas, não modificadas geneticamente, dispostas com espaçamento de um metro e plantadas durante o último mês de chuva, adubadas com compostos orgânicos. A colheita deve ser manual e não é necessário usar agrotóxicos ou irrigar: basta a chuva do último mês para brotar.
Com isso, o bicudo, que precisa da chuva para se desenvolver, não ataca os botões do algodão, que só começam a crescer na fase de estiagem. Também é utilizada a técnica de consórcios alimentares ou rotação de cultura, que troca o local do cultivo a cada novo plantio, de forma a renovar e manter os nutrientes do solo.
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