segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Takimoto é absolvido em ação e descarta volta à vida política



Foto;arquivo Dourados News
Por Vinicios Araújo

O médico douradense George Takimoto (MDB), dono de uma trajetória de 30 anos na política sul-mato-grossense, alcançou absolvição na ação por improbidade administrativa que o acusava de manter uma funcionária fantasma no gabinete da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ele atuou por dois mandatos no parlamento estadual.

Takimoto foi entrevistado pelo Dourados News nesta manhã (4/11), comentou o processo e garantiu que não voltará mais à vida política. Ele justifica a decisão pelo avanço da idade. Aos 78 anos, o ex-parlamentar quer dar espaço para os jovens.

“Eu sempre procurei viver o mais certo possível. Minhas testemunhas foram a secretária da Assembleia, o ex-presidente da Assembleia Junior Mochi, outras pessoas que me conheciam. Então o juiz decidiu avaliar as pessoas que estavam testemunhando, o regulamento da Casa, afinal aquela Casa tem um regulamento. Não se entra em uma casa bagunçando tudo. Eu segui estritamente o que mandava a Casa”, afirmou à reportagem.

Questionado sobre a possível motivação para a denúncia, Takimoto evitou confirmar a suspeita por perseguição política. No entanto, fez questão de ressaltar que a denúncia chegou ao MPE (Ministério Público Estadual) em caráter de anonimato.

“Mas a gente na vida pública está sujeito a tudo. O que a gente tem é que andar na retidão e graças a Deus a justiça acatou os argumentos da defesa”, completou.

Em fevereiro do ano passado, o juiz David de Oliveira Gomes Filho determinou bloqueio de R$ 133,3 mil de Takimoto e da servidora Rosineide da Cruz. Nesta segunda-feira (4) o médico disse ao Dourados News que “não tem nada para se bloquear”, alegou ser pobre e trabalhando para conquistar a casa própria.

O emebedista, atuante no cenário político de MS há 30 anos, já foi vice-prefeito de Dourados, vice-governador do Estado, deputado federal e por último ocupou durante oito anos uma das 24 cadeiras na AL de MS.

Takimoto foi o mais votado do partido para o cargo de deputado federal nas eleições do ano passado, mas não conseguiu a vaga pelo quociente eleitoral. Ele não acredita que a ação por improbidade tenha o prejudicado. “Nunca chegou a mim nenhuma palavra dura”, disse.

Ele ainda garantiu ter encerrado a vida política. Aos 78 anos Takimoto quer cuidar do trabalho como médico, conquistar a casa própria e “ajudar as pessoas que precisam”.

Apesar da idade, a rotina dele é bastante movimentada. Ao longo da semana ele divide o tempo atendendo pacientes em Caarapó, Campo Grande e nos finais de semana atua em Dourados. Além disso, aos domingos Takimoto visita municípios na região oferecendo atendimento médico voluntário.

“Eu levo uma vida cheia. Eu não tenho compromisso com nada mais. Tenho compromisso com a minha vida e pronto”, enfatizou. A defesa do ex-parlamentar foi feita por João Arnar Ribeiro, Leonardo Ribeiro e Neli Bernardo de Souza.

O RELATÓRIO

O relatório com a decisão do magistrado da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, foi divulgado no portal do Tribunal de Justiça no dia 31/10. David de Oliveira Gomes Filho reuniu vários testemunhos, cujo teor quase unânime definiu a atividade em assessoria parlamentar como um trabalho flexível e por vezes, à disposição “24 horas”.

Todo processo se deu devido a atividade da assessora Rosineide da Cruz, apontada pelo MPE como servidora fantasma. Para acusação, a promotoria se pautou na rotina de trabalho da assessora. Conforme constam nos autos, ela deixava o filho na escola, ia à academia e depois seguia para o comércio de cosméticos ao qual ela é proprietária na Capital.

No entanto, os relatos apresentados ao juiz contrariam isso. Membros da AL, políticos em cidades na região e demais testemunhas, falam de Rosineide como a “cabeça” do gabinete. Era ela quem cuidava das agendas políticas, gestão de gabinete e das demandas parlamentares de Takimoto.

“Esta situação de indefinição das funções, pelo que se tem visto nos processos propostos perante este juízo, é algo comum e extremamente prejudicial, pois servidores comissionados contratados para o genérico cargo de "assessor parlamentar", por vezes, são vistos em situações que fazem crer, a qualquer trabalhador que possui carga horária a cumprir, que eles não trabalham. E daí os processos por improbidade administrativa contra "servidores fantasmas" vão se somando. É estranho que um mesmo cargo comporte funções tão diversas a depender da vontade do parlamentar que os contrata, colocando alguns para atividades internas, outros para atividades externas, outros para contatos com autoridades, outros para contatos com eleitores, outros para assuntos de mídia eletrônica e outros para aparente secretariado de assuntos pessoais do parlamentar. As atribuições dos cargos deveriam ser explícitas e mais claras, para evitar que mal entendidos existissem”, criticou o magistrado no relatório.

Em sua defesa, Rosineide afirmou que "não havia uma carga horária exclusiva, tinha apenas que estar a disposição. Essa jornada de trabalho, tinha dias que eram 6 horas, tinha dias que era 8 horas, tinha dias que eu ficava até às 20h, quando era dia de emendas parlamentares. Tinha reuniões a noite, tinha dias que trabalhava finais de semana. Dos dias 15 ao dia 20 eram os dias que eu mais ia, porque era a época de prestação de contas da Assembleia, então eu tinha que emitir nota, tinha que estar lá".

“Dessa forma, não há como condenar os requeridos por ato de improbidade administrativa. Diante do exposto, com fulcro no art. 487, I, do CPC, julgo improcedente o pedido inicial”, finaliza o texto.

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