quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Delegado também pode estar envolvido com milícia armada



                                           Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado
RICARDO CAMPOS JR.

Força-tarefa encabeçada pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestro (Garras)  também investiga a participação de um delegado da Polícia Civil na milícia armada supostamente comandada por Jamil Name e Jamil Name Filho.

Entre investigados e presos ligados à segurança pública, estão guardas municipais, policiais civis e agente da Polícia Federal, além de um militar da reserva.

Procurado para falar sobre o assunto, o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Marcelo Vargas, preferiu não dar detalhes sobre o assunto e disse que as apurações correm em sigilo. Entre os presos, estão os policiais Vladenilson Daniel Olmedo e Márcio Cavalcanti da Silva, que estariam vinculados diretamente ao núcleo. Os dois estão isolados no Presídio federal de Mossoró (RN), a exemplo dos Name.

Marcelo Vargas admitiu que existem mais agentes dos quais o envolvimento é alvo de apuração, mas não detalhou quantos. “Nós trabalhamos com cautela. A Polícia Civil trabalha em busca da verdade real. A corregedoria também apura e podem haver investigações contra mais policiais. A força-tarefa foi criada para determinar a autoria dos crimes”, disse.

O delegado-geral acrescentou que denúncias contra Olmedo e Márcio, bem como contra os demais 19 indiciados, devem ser oferecidas à Justiça pelo Ministério Público Estadual. Contudo, existem procedimentos administrativos internos contra os dois servidores. “Tem outras investigações paralelas. Ainda não houve tempo hábil para conclusão porque ele tem um rito”.

Dos suspeitos, Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires (agora ex-guarda municipal), apontados como pistoleiros da organização criminosa, estão foragidos. Freires tem condenação pela execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, ainda sem mandante identificado.

O Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) liga a milícia a pelo menos quatro execuções em Campo Grande: a do segurança da Assembleia Legislativa Ilson Martins Figueiredo; a do comerciante Marcel Hernandes Colombo (o Playboy da Mansão); do ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat Orlando Silva Fernandes (o Bomba); e do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier. A morte de Xavier é o crime mais recente. Aconteceu em abril e por engano: o alvo era o pai, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Xavier.

Outras execuções são citadas na denúncia, como a de Alberto Aparecido Roberto Nogueira (o Betão), executado em 2016 em Bela Vista; e de Cláudio Rodrigues de Oliveira (o Meia-Água), executado em São Paulo em 2015, além de Paulo Magalhães, ocorrido em 2013.


FIO DA MEADA

A existência de uma milícia armada passou a ser considerada em maio deste ano, quando o guarda municipal Marcelo Rios foi preso com um arsenal de armas de grosso calibre, em casa que seria de propriedade dos Name.
Em setembro, o Gaeco e o Garras realizaram a Operação Omertà, em que, entre outros suspeitos, tiveram a prisão preventiva decretada Jamil e Jamil Name Filho, que, após várias tentativas de derrubar as ordens de prisão, estão em presídio federal.
Com informação do Portal Correio do Estado

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