quinta-feira, 27 de abril de 2017

ESTREIA–Apesar da falta de novidades, “Guardiões da Galáxia Vol. 2” ainda diverte





Não deixa de ser curioso como duas das maiores extravagâncias cinematográficas da temporada tenham, ao centro, a família como tema. Primeiro foi “Velozes e Furiosos 8”, algumas semanas atrás, e agora o bem melhor “Guardiões da Galáxia Vol. 2”, que coloca como trama principal Peter Quill (Chris Pratt) encontrando o pai que nunca conheceu e afastando-se de sua família postiça, formada no primeiro filme, de 2014.

Quando o diretor James Gunn realizou “Guardiões da Galáxia Vol. 1”, um sucesso inesperado, colocou para si mesmo um desafio: fez uma comédia de ficção científica e ação tão boa, mas tão boa, que dificilmente conseguiria se superar. E não consegue, embora o nível também não tenha baixado.

Aqui, apesar de estar tudo novamente no lugar (ou, precisamente, por causa disso) não há o frescor da novidade. Além disso, com o aumento do orçamento e da responsabilidade na bilheteria, o segundo filme se esforça demais, o tempo todo, na verdade, para agradar e fazer rir. E, como tudo o que é em excesso uma hora se torna demais, eventualmente perde o ritmo.

Nada que seja o suficiente, no entanto, para minar o potencial cômico, ainda que pareça desnecessária uma duração de 137 minutos e um pouco demais as cinco cenas extras intercaladas nos créditos finais -- que funcionam mais como trechos de um trailer para um Vol. 3.

Ainda assim, Quill e sua trupe conseguem em geral se sair bem nessa espécie de sátira às óperas espaciais – “Star Wars” é, obviamente, um alvo e uma inspiração.

O filme começa com um flashback, com Kurt Russell digitalmente rejuvenescido seduzindo a mãe de Quill, na Terra, ao som de uma música cafona dos anos de 1970. Esse é só o começo de uma história que terá como uma de suas tramas a tentativa do protagonista se aproximar do pai que nunca conheceu, cujo nome, Ego, é bastante apropriado, como se verá.

Ao contrário do longa original, no qual os Guardiões se conheceram e se odiavam mutuamente, aqui ainda existe mais amor do que ódio, embora uma tensão entre o grupo nunca se dissipe.

A missão deles aqui envolve uma princesa dourada, chamada Ayesha (Elizabeth Debicki), governante de um povo rico e moderno que desconhece o sexo, de quem os heróis do filme roubam poderosas baterias. Por isso, ela quer se vingar.

Essa parte periférica da trama é mal resolvida mas serve como distração para o grupo de personagens --o guaxinim Rocket (dublado por Bradley Cooper), a mini-árvore bebê Groot (dublado por Vin Diesel) e Nebula (Karen Gillan)-- que não foram para o planeta de Ego, junto com Quill, Gamora (Zoe Saldana ) e Drax (Dave Bautista). Mas, ao que parece, esse episódio irregular nas aventuras dos Guardiões deverá ser retomado no próximo filme.

O planeta de Ego foi criado por ele mesmo, que tem superpoderes que foram, parcialmente, herdados pelo filho Peter –, e é a perfeita tradução do seu ego gigantesco.

Os laços entre os dois se estreitam, mas, ainda assim, há algo que parece não estar certo. A desconfiança só aumenta com o desconforto de Mantis (Pom Klementieff), uma sensitiva e única habitante do planeta, que também é capaz de ajudar Ego a dormir.

Com cada grupo de personagens confinado à sua própria história, que, eventualmente, se cruzará com as outras, o filme, escrito pelo próprio diretor, tem tempo para explorar cada um de seus dramas -- especialmente os familiares, incluindo a rivalidade entre Gamora e sua irmã, a vilã Nebula, que os Guardiões capturaram e mantêm em sua nave.

Há também uma outra figura, interpretada por Sylvester Stallone, que aparecem em pouquíssimas cenas, apesar do destaque do nome nos créditos, e deve ter uma participação maior no Vol. 3 00 que ainda nem começou a ser filmado.

Mantendo a tradição criada pelo original, um dos destaques em “Guardiões da Galáxia Vol. 2” é a trilha sonora com clássicos dos anos 70, que inclui Fletwood Mac, ELO, George Harrison e Cat Stevens, no momento mais emotivo do filme. É uma escolha inspirada de nostalgia e kitsch que, na maior parte do tempo, anda de mãos dadas com o visual levemente retrô.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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