sábado, 14 de setembro de 2024

Rock in Rio completa 40 anos com line-up de peso

 



Este final de semana marca o início de mais um Rock in Rio. O maior festival brasileiro completa 40 anos de existência e comemora em grande estilo com uma line-up recheada de grandes nomes. O evento começou na noite de ontem com Travis Scott capitaneando um dia em que o rap e o trap reinaram e ainda terá nomes do calibre de Mariah Carey, Katy Perry, Shawn Mendes, Avenged Sevenfold, Imagine Dragons, Deep Purple e Ed Sheeran.


Em mais um grande ano, a promessa é fazer história com os shows e com a experiência ampliada no Parque Olímpico, localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além dos shows e das ativações de marcas, o festival conta com um uma praça de alimentação com opções gourmet, lojas parceiras e um musical especial que reconta a história do próprio Rock in Rio. Os clássicos fogos de artifício também podem ser esperados.


Tudo foi pensado para elevar a qualidade do que entregam desde que o festival voltou a ser realizado em 2011 e tornou-se bienal. "Sempre que fazemos um novo Rock in Rio, a gente tem um compromisso interno, no nosso time, de que tem que ser o melhor Rock in Rio de todos os tempos. Eu não tenho a menor dúvida que vai ser, este será o momento mais especial de todos", conta Luis Justo, CEO da Rock World, empresa responsável pela organização do evento.


O entendimento é que o festival é muito mais do que rock que leva no título. Justo analisa que o Rock in Rio tem esse nome, mas nunca foi um evento exclusivamente de Rock. "Nós entendemos o rock como uma atitude", diz o CEO, que recorda que desde 1985 nomes como Ney Matogrosso, B-52's e James Taylor movimentaram multidões sem precisar usar distorções nas guitarras. "O festival sempre foi uma grande celebração a música e essa edição está igual", afirma.


Para os organizadores, é crucial estar de olho no que atiça o público que vai lotar os shows. "Não dá para você pensar num festival de 40 anos que não esteja olhando para se reinventar, abrir novas possibilidades de representar o espírito do tempo, o tal do zeitgeist, que tanto se fala", explica Justo.


Olhar para o futuro, e o que ele representa, nunca foi um receio para o Rock in Rio, que sempre buscou estar na vanguarda e cravar a bandeira em novos territórios para que possam ser explorados. O festival caminhou para que outros grandes nomes do evento ocorressem. Se receio de questionamentos. "A gente não tem medo não. Pelo contrário, entendemos que o papel de um curador, o papel de um festival, é mostrar para a sociedade não só aquilo que ela quer e sabe que quer, como aquilo que ela também não conhece, e, às vezes, tem preconceito."


Dia Brasil

O Rock in Rio sempre busca momentos únicos e especiais. Em edições comemorativas como a deste ano, esse fator é elevado. Por isso, mais de 90 artistas de ritmos, regiões e gêneros musicais diferentes vão subir aos palcos para shows curtos e únicos. O intitulado Dia Brasil será realizado em 21 de setembro e promete fazer jus à toda a trajetória do festival ao longo dos anos. Nesse momento, estilos como o sertanejo, o funk e a música clássica estreiam no principal festival nacional.


"O Dia Brasil vai ser uma grande síntese do que o festival foi nesses 40 anos. Um festival que olhou para a música, olhou para essa diversidade musical, sempre colocando música boa, independentemente do gênero, em cima dos palcos", exalta Luis Justo. A ideia é que esta seja mais uma memória guardada com carinho pelos fãs brasileiros. "Imagina como vai ser Evidências esse ano? Vai, com certeza, ser um grande momento como foi Love of my life em 1985", acredita.


O principal nome por trás do Dia Brasil é Zé Ricardo, que fazia um grande trabalho de curadoria dos palcos, em especial do Sunset, que promove encontros inéditos. Ele também compôs uma trilha sonora para o show da Esquadrilha Céu, um grupo de quatro aviões que formarão um ballet aéreo. Ao Correio, Zé Ricardo, vice-presidente artístico da Rock World, fala sobre a concepção do Dia Brasil e a importância do Rock in Rio para si e para o público.



Entrevista / Zé Ricardo, vice-presidenteartístico da Rock World

Como foi o processo de selecionar os principais nomes de tantos gêneros tão importantes para o Brasil e reduzir esse escopo?


O Dia Brasil foi construído no detalhe para tentar trazer para o festival uma homenagem aos maiores estilos representantes da música brasileira. É muito difícil, porque você acaba deixando estilos grandiosos também de fora. Mas, eu acho que a gente conseguiu selecionar um número de estilos musicais muito relevante e muito importante para a música brasileira, tendo destaque, pela primeira vez, da música sertaneja no festival. Um momento que está sendo muito importante e emocionante para a gente. Foi uma forma que encontramos de abrir portas para que o sertanejo também fizesse parte dos estilos de música que compõem a história do Rock In Rio. Os artistas que foram selecionados são os que representam cada estilo selecionado, mas que também conseguem transitar por outros estilos. Além do Dia Brasil, também trazer uma série de hits clássicos desses estilos, que irão colocar o público inteiro para cantar durante todo este dia no festival. Por isso, vai ser um dia inesquecível para a história do Rock In Rio.


De que forma você acredita que o brasileiro se sentirá representado ao assistir, no local ou  pela tevê, os shows do Dia Brasil? Por que você acha que o Dia Brasil é uma homenagem certeira para os 40 anos do festival?


Apesar de o Rock in Rio ser um festival internacional e acontecer em vários países, ele nasceu e viveu seus 40 anos de história no Brasil, celebrando a força da música brasileira em cada edição. Assim, o Rock in Rio é evento muito importante para nós, brasileiros, e leva o nome do Brasil e do Rio para o mundo por meio da arte e da cultura. Esse alicerce de 40 anos construído pelo festival é um exemplo de enorme representatividade. E o significado de representatividade para mim é alguém do Amazonas, ver um artista do seu estado no Rock in Rio pela televisão ou uma pessoa que mora na favela ver esse artista ganhando espaço no festival. Eu acho que o público brasileiro vai ficar muito orgulhoso de ver a diversidade, não só de estilos musicais, mas de artistas, ritmos e narrativas que vão ser propostas nesse dia Brasil. Eu acredito que será um dia inesquecível, e que qualquer brasileiro se orgulhará de ver um Rock in Rio só com artistas brasileiros.




Você foi um dos nomes do retorno do festival, mudou a cara e deu novos ares ao Rock in Rio nas edições que participou. Qual o sentimento chegando a mais uma data comemorativa?


O Rock in Rio é o sol da minha vida profissional. Ele me ensinou e ajudou a ser melhor em várias áreas da minha vida. Ele tem um significado muito importante na minha vida porque em 1985 eu era office boy e eu juntei quatro meses de salário para comprar meu ingresso para o festival, voltando para casa a pé para economizar. Então, me tornar vice-presidente é um looping muito grande na minha vida, ser o responsável artístico do festival e dessa grande fábrica de sonhos é uma grande honra. Trabalhar com um gênio como o Roberto Medina e estar ao lado dele trocando ideias é um grande privilégio. Essa edição de 40 anos é uma edição da história da minha vida, e eu faço tudo com muito amor, cuidado e dedicação. E, o frio na barriga só aumenta com a responsabilidade. Eu comecei no Palco Sunset, passei por várias áreas do festival e hoje cuido de todos os palcos, e isso é muito gratificante para mim. Porque eu sei o sacrifício que as pessoas fazem para comprar um ingresso, por isso me dedico com muito amor e com muita atenção aos detalhes. Minha vida mudou em 1985 com o Rock in Rio, e eu espero transformar a vida de outras pessoas através do meu trabalho, porque a vida é justamente sobre sonhos.


Pedro Ibarra

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