quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Fábrica de celulose da Arauco em MS será 40% maior que o previsto

 

                                            Foto: Divulgação

O investimento já na primeira fase sobe de R$ 16,5 bilhões para R$ 25 bilhões e a capacidade de produção salta de 2,5 para 3,5 milhões de toneladas por ano

O conselho administrativo da empresa chilena Arauco aprovou, nesta terça-feira (24), aumento da ordem de 53% nos investimentos da fábrica de celulose de Inocência, na região leste de Mato Grosso do Sul. Com isso, a capacidade de produção anual será 40% maior, passando da previsão inicial de 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.


Conforme as previsões iniciais, os investimentos seriam de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões) na primeira etapa. Agora, de acordo com o anúncio feito nesta terça-feira, serão US$ 4,6 bilhões (R$ 25 bilhões) no projeto Sucuriú, que funcionará às margens do rio com o mesmo nome. 


Conforme a assessoria de comunicação da empresa, “a fábrica segue o projeto inicial. O que muda é a capacidade de produção, que passa de 2,5 para 3,5 milhões de toneladas/ano. Durante os estudos de engenharia foi detectada a possibilidade de um incremento na capacidade produtiva. E quando se faz um projeto maior, os números gerais também aumentam”. 


Antecipação

E, além do anúncio relativo oa aumento dos investimentos e da capacidade de produção, a empresa também antecipou a data para conclusão do projeto. Inicialmente, a previsão era entrar em operação até o fim do primeiro trimestre de 2028. Agora, a promessa é ativar a fábrica ainda em 2027. 



Este, segundo anúncio da empresa, será “o maior investimento da história da multinacional. Com aprovação do Conselho de Administração, a empresa anuncia a finlandesa Valmet como parceira de tecnologia e equipamentos para a instalação de sua primeira fábrica de celulose branqueada no Brasil, a ser construída na cidade de Inocência (MS)”. A Valmet será responsável por entregar cerca de 50% do projeto industrial. 


Segundo Carlos Altimiras, Diretor Presidente da Arauco do Brasil, “essa é uma importante e decisiva etapa do Projeto Sucuriú, que contará com expertise e tecnologia de ponta.  É o maior projeto de produção de celulose do mundo implantado em etapa única, e nossa escolha reflete a busca da Arauco por parceiros que compartilhem da mesma visão em relação à inovação e práticas sustentáveis”, destacou o executivo. 


Desta forma, os chilenos desbancam a fábrica da Suzano, de Ribas do Rio Pardo, que até agora ostenta o título de maior fábrica do mundo em circuito único, com capacidade para produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. A fábrica da Suzano, que começou a ser construída em 2021 e recebeu investimentos de R$ 22 bilhões, entrou em operação em 21 de julho deste ano. 


Além de produzir celulose, a unidade da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de energia, dos quais 200 MW serão destinados a consumo interno. O restante será comercializado e será suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes. 


O projeto está na fase de terraplenagem e o início das obras, previsto para janeiro do ano que vem. No pico da construção, serão 14 mil empregos. 


 “Este é um marco muito importante no processo de crescimento e fortalecimento do Estado e consolida o compromisso da Arauco com o Mato Grosso do Sul, que vai receber uma das maiores fábricas de celulose do mundo. Será uma unidade moderna, que vai gerar empregos, oportunidades, desenvolvimento social e econômico. O Mato Grosso do Sul estabeleceu uma estratégia de desenvolvimento sustentável baseado na atração de grandes investimentos e na geração de emprego, e a vinda desta operação reforça a confiança dos investidores em nosso Estado”, afirmou o governador Eduardo Riedel ao tomar conhecimento da ampliação do investimento. 

 


A fábrica será instalada a 50 quilômetros do centro urbano de Inocência e a previsão é de que a maior parte dos trabalhadores, que podem chegar a 14 mil no pico da obra, sejam abrigados todos nas imediações do canteiro de obras. 


Depois da ativação, porém, todos os funcionários terão de residir na cidade, conforme legislação municipal aprovada antes do início dos trabalhos de terraplanagem. 


Florestas

Além dos trabalhadores que atuam na preparação do terreno, a empresa já está gerando em torno de mil empregos em Inocência e municípios da região nas atividades de plantio de eucaliptos, segundo o diretor nacional da Arauco, Carlos Altimiras. 


Segundo ele, a empresa já está com cerca de 210 mil hectares já contratados e 85 mil estão ocupados com eucaliptos. Ao longo de 2024 devem ser plantados mais 65 mil hectares. Inicialmente, a previa-se a necessidade de 300 mil hectares de florestas. Agora, esse volume aumento para 400 mil hectares.  


Em média, o ciclo de crescimento  até o corte dos eucaliptos se estende ao longo de sete anos e justamente por isso os plantios começaram ainda em 2021, bem antes da concessão de qualquer licença ambiental ou da aprovação feita nesta semana pela cúpula da empresa. 


No dia 10 de maio, quando da entrega da licença de instalação, a direção da Arauco informou que depois da ativação da primeira fase, pretendia iniciar a duplicação da indústria, elevando a capacidade para 5 milhões de toneladas ao ano. No anúncio de agora, porém, a duplicação da capacidade não foi abordada. 


Atualmente existem três fábricas de celulose em atividade no Mato Grosso do Sul. A primeira, da Suzano, opera desde 2009 em Três Lagoas. A segunda, a Eldorado, do grupo J&F, na mesma cidade, funciona desde 2012. A terceira é a da Suzano de Ribas do Rio Pardo. E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erquida pela Bracell. 



Sobre a Arauco

A Arauco é uma empresa global, de origem chilena, com presença em cinco continentes. Fundada em 1979, possui operações em mais de 75 países e 55 fábricas nos países Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal e África do Sul. Opera globalmente com mais de 18 mil trabalhadores.

 

Atualmente, a capacidade de produção de celulose é de 5,2 milhões de toneladas por ano em suas unidades no Chile, Argentina e Uruguai. Agora, só a unidade de Inocência vai ampliar essa capacidade para 8,7 milhões de toneladas, um aumento de 67%. 

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