quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Filmes sírios levam lágrimas e risos ao Festival de Cinema de Berlim


Reuters                              Foto;Divulgação


Um deixa você preso e impotente, no meio de uma guerra civil, e o outro usa o humor para retratar como é começar uma nova vida na Europa depois de escapar do mesmo conflito.

"Insyriated" e "The Other Side of Hope" são dois filmes sobre a Síria, e causaram lágrimas e risos no Festival Internacional de Cinema de Berlim.

O primeiro foi rodado quase inteiramente dentro das paredes de um apartamento que se torna parecido a uma prisão para Oum Yazan, uma mãe determinada a sobreviver a uma guerra cuja brutalidade é expressa sobretudo através dos sons de bombas e de disparos de franco-atiradores.

"Ele chocou as pessoas de uma maneira muito inteligente. Os ocidentais viram imagens suficientes da destruição em suas televisões. Mas poucos deles sabem o que os sírios estão passando ou como se sentem estando presos lá", disse o crítico de cinema iraquiano Kais Kasim.

O filme obriga os espectadores a se perguntarem como agiriam na mesma situação.

O diretor belga Philippe Van Leeuw disse que o silêncio que se seguiu à exibição, assim como ver alguns de seus atores e membros da plateia em prantos no final, o fez pensar: "Missão cumprida".

"É difícil para mim dizer que fiquei feliz quando vi o filme pela primeira vez com o público", disse a atriz Hiam Abbass, que interpreta Oum Yazan.

"Isso deixou as pessoas mais próximas do povo sírio", afirmou, acrescentando que não fazia ideia de que a produção iria deixá-las sem palavras.

"The Other Side of Hope", do diretor finlandês Aki Kaurismaki, utiliza a comicidade para retratar as experiências vividas em Helsinque pelo postulante a asilo sírio Khaled, que decide continuar no país ilegalmente depois que seu pedido é rejeitado.

Seu destino é conhecer o protagonista da segunda história do filme, o vendedor finlandês Wikstrom, que compra um restaurante na capital e ali oferece a Khaled um emprego e uma cama.

Wikstrom e seus conterrâneos são personagens burlescos, a fonte da maior parte do humor leve que quase eclipsa a provação de Khaled: a maioria de seus familiares morreu durante um bombardeio na cidade de Aleppo, e ele perdeu a irmão pouco depois de ambos chegarem à Europa vindos da Turquia.

"Ele usa a comédia para transmitir a tragédia", opinou o crítico Kasim. "Ele mistura a crítica com a caricatura, deixando as pessoas com a dúvida: será que rimos ou choramos?".

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