Folhapress
O incrível aconteceu, e o módulo Philae, que pousou num cometa -um dos principais acontecimentos científicos de 2014-, despertou de sua hibernação. A confirmação chegou ao controle de operações espaciais da ESA (Agência Espacial Europeia) nas primeiras horas deste domingo (14) ,pelo horário de Brasília.
Mais de 300 pacotes de dados foram recebidos e estão sendo analisados pela equipe responsável pelo módulo de pouso, no DLR (Centro Aeroespacial Alemão).
O Philae não se comunicava com a Terra desde dia 15 de novembro, quando suas baterias foram completamente esgotadas.
O local de repouso final da espaçonave foi uma reentrância na superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko. Cercados por rochas, seus painéis solares só recebiam energia durante curtos períodos, insuficientes para recarregar a bateria.
Por um lado, esperava-se que, com o aumento da proximidade do cometa com o Sol --o astro atingirá o ponto da órbita mais próximo da estrela em agosto--, a quantidade de energia disponível pudesse despertar o Philae.
Por outro lado, após passar meses exposto a temperaturas baixíssimas, mais de cem graus Celsius abaixo de zero, a possibilidade de danos irreparáveis a seus circuitos era bem real. Muitos engenheiros achavam que a sonda não voltaria a funcionar.
A ressurreição da missão veio como uma surpresa. Alguns dos envolvidos no projeto, no DLR, já estavam até em férias. Com o despertar do pequeno robô, eles serão reconvocados para retomar as operações.
A análise inicial dos dados sugere que a sonda está em boa saúde. "O Philae está indo muito bem: tem uma temperatura de operação de -35 graus Celsius e tem 24 watts disponíveis", disse, em nota, Stephan Ulamec, gerente de projeto do Philae no DLR.
Segundo Lucas Fonseca, engenheiro brasileiro que participou do desenvolvimento da missão, é um bom sinal. "Os 24 watts equivalem a duas fontes de um tablet", disse. "É o suficiente para retomar as operações."
Na nova etapa da missão, o objetivo será identificar as transformações pelas quais o cometa passa conforme se aproxima do Sol e cada vez mais gelo sublima e se evade do núcleo cometário.
Enquanto isso, a sonda orbitadora Rosetta segue estudando à distância o cometa --além de retomar seu trabalho como satélite de comunicação para retransmitir os sinais emitidos pelo Philae diretamente da superfície.
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