Correio
Os versos cantados por Caetano Veloso e Gilberto Gil sempre foram referências para o trabalho de Margareth Menezes. Para a cantora, as canções desses artistas têm uma ligação muito forte com suas lembranças da adolescência, época em que cantar com os dois era apenas um desejo difícil de realizar.
Hoje, com 27 anos de carreira e depois de reviver este sonho algumas vezes, Margareth materializa a admiração pelos ídolos em seu novo DVD/CD: Para Gil & Caetano.
O show, que apresentou pela primeira vez o trabalho ao público, estreou em São Paulo, no dia 19 de maio. Mas chegou a vez dos soteropolitanos conferirem o resultado da homenagem feita para os dois mestres da música baiana. A apresentação de lançamento em Salvador acontece hoje, às 21h, no Teatro Sesc Casa do Comércio, na Avenida Tancredo Neves, com ingressos a
R$ 60 e R$ 30.
O DVD foi gravado no ano passado, no Rio de Janeiro. Nele estão reunidas canções como O Quereres e Milagres de um Povo, de Caetano, e Expresso 2222 e Andar com Fé, de Gil.
O repertório passeia por músicas da safra dos anos 80 e outras pérolas como Eclipse Oculto, em uma versão com a participação de Saulo, e Eu Vim da Bahia, ao lado da baiana Rosa Passos. O trabalho conta, além dos homenageados, com participações de Bem e Preta Gil e de Moreno Veloso.
Para Margareth, a elaboração do produto foi a forma encontrada para agradecer o que os artistas fizeram direta e indiretamente por sua carreira: “Minha reverência a eles é para sempre. Foi uma luta concluir este projeto, mas vê-lo pronto é muito gratificante, estou muito feliz”, destaca.
Convidados No total, o DVD reúne 24 músicas, 12 de cada artista. O repertório foi escolhido a partir das lembranças de Margareth: “A seleção das canções foi resultado de um processo afetivo, coloquei as músicas que mais me tocam de alguma forma. Quando pintou a ideia do trabalho, eu chamei Alexandre Leão. A gente passou três dias fazendo uma viagem pela obra dos dois e escolhemos as canções que tinham uma ligação afetiva com minhas memórias”, diz.
Além de ser o diretor musical do trabalho - juntamente com Margareth - Alexandre Leão também integra o quarteto de músicos do show, composto ainda por Adail Scarpelini (guitarra) e Daniela Penna e Gutto Messias (percussão e ukulele).
O critério da afetividade também foi utilizado para a escolha dos convidados: “Saulo eu já conhecia desde antes da Banda Eva e já o admirava. Rosa Passos eu tive um encontro em Nova York e desde então decidi convidá-la para fazer a participação e Preta eu já conhecia desde menina”, explica. Os homenageados estão presentes. Gil em Deixar Você, Clichê do Clichê e Refazenda e Caetano, que gravou em estúdio, em Luz do Sol e Uns.
No show, Margareth estará acompanhada apenas pela banda, não haverá convidados. Apesar da apresentação ser mais intimista, a artista destaca que ela não é muito diferente, se comparada com trabalhos anteriores como o Afropop: “Este também é um projeto eletroacústico. O Afropop traz um comportamento ancestral com uma sonoridade contemporânea, o DVD também tem um pouco disso. Mas não gosto de enquadrar minhas produções em rótulos”, explica.
Lembranças O show Para Gil & Caetano surgiu em 2012, em um momento de celebração. Margareth estava completando 25 anos de carreira e os baianos celebravam 70 anos de vida. “Aproveitei as datas para concretizar um desejo antigo”, justifica.
A cantora não disfarça o carinho que tem pelos dois artistas. Ela assegura que a admiração continua a mesma de quando começou na profissão, mas a situação mudou um pouco. O que antes era “uma relação de ídolo e fã, agora se transformou em um relacionamento entre amigos”.
Margareth ainda se recorda de alguns de seus primeiros contatos com a dupla. No início da década de 1980, após lançar seu primeiro LP, ela fez uma série de shows pelo país, como convidada de Gilberto Gil e Dominguinhos (1941- 2013).
Já na década de 1990, lançou o álbum Gente de Festa, que contou com a participação de Caetano na faixa Vestido de Prata. “A primeira vez que cantei com eles foi frio na barriga, mas hoje estou mais madura e as emoções também amadurecem (risos)”.
Tropicália Nos extras do DVD, Margareth conta como o trabalho dos dois cantores e compositores lhe influenciou: “O movimento Tropicália colocou pra fora um Brasil que tinha identidade e modernidade. Que era contemporâneo, mas trazia memória. Então, era muito forte. Isso muda a nossa cabeça quando estamos com 15, 16 anos”.
Gil, também nos extras, fala sobre a natureza do projeto: “O sonho de criança que eu tinha - o de trabalhar com música - é uma coisa que se desdobra hoje em pessoas como ela, em atitudes como a dela”, relata. A turnê de lançamento do DVD continua e a partir de julho deve passar por cidades como Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Brasília.
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