quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Exposição literária homenageia Semana da consciência negra


No mês em que se comemora o dia da Consciência Negra no país, a Biblioteca Pública Estadual “Dr. Isaías Paim” realiza exposição com obras históricas, biográficas e literárias sobre grandes figuras da cultura afro-descendente no Brasil e no mundo. Os negros africanos contribuíram durante a história nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. A exposição começa a partir de segunda-feira (20/11) e ficará aberta ao público até 30 de novembro.

Este momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional é uma conquista para se comemorar a cultura afro-brasileira nas escolas e nos espaços culturais de nosso país. A data escolhida foi 20 de novembro, pois foi neste dia no ano de 1695, morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. 

Dentre os livros selecionados para a exposição, há um trabalho pioneiro da professora da UFMS e antropóloga Ana Lúcia Farah Valente, “Ser negro no Brasil hoje”, temos a obra “Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal” de um dos maiores geógrafos brasileiros, o baiano negro, de origem humilde, Milton Santos, professor emérito da USP, autor de diversos livros e artigos científicos na sua área e falecido precocemente, assim como O Negro Brasileiro, uma obra ensaística fundadora da pesquisa antropológica no Brasil, publicada pela primeira vez em 1934, de Arthur Ramos; Egressos do Cativeiro, um estudo sobre a escravidão no país, feita pelo historiador Roberto Guedes.

Outro trabalho relevante foi Os infames da História – Pobres, escravos e deficientes no Brasil, da psicóloga e historiadora Lilia Ferreira Lobo, que traça um paralelo entre a pobreza e a escravidão para explicar os estudos genealógicos que colocavam estes fatores como produtos de nossa deficiência. Há também o livro Racismo em Mente, organizado por Michael P. Levine, uma coletânea de textos que lança uma luz sobre um assunto tão presente ainda em nossa sociedade.

Estudos sobre a questão do racismo no Brasil também estão em livros como “A Construção de uma Política de Promoção da Igualdade Racial: uma análise dos últimos 20 anos”, organizada por Luciana Jaccoud, assim como “As políticas pública e a desigualdade racial no Brasil – 120 anos após a abolição”, organizada por Mário Theodoro, ambos publicados pelo IPEA. Há um manual de Identificação e Abordagem do Racismo Institucional, criado pelo Instituto AMMA Psique e Negritude, como uma metologia de combate ao racismo institucional no setor público e Um olhar negro sobre o Brasil – dezoito anos de Unegro, que trata de um racismo próprio, o racismo brasileiro, desenvolvido pela União de Negros pela Igualdade.

Há também trabalhos do sociólogo e historiador social Gilberto Freyre, com obras basilares sobre o estudo da questão racial como “Casa Grande & Senzala” e “Sobrados e Mucambos”, que em um tom literário, retrata a realidade vivida pelos negros escravos no Brasil. Além destes, há o estudo feito pelo diplomata Alberto da Costa e Silva, que durante anos serviu na África, onde conheceu mais de 15 países e escreveu a obra “A Enxada e a Lança – a África antes dos Portugueses”, um tratado sobre o passado dos povos africanos e seu triste destino rumo à América como escravizados e da II Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora – II CIAD, o relatório final sobre “A Diáspora e o Renascimento Africano”, realizado em Salvador, na Bahia, em 2006. Há um guia, Consciência Negra do Brasil, organizado por Cuti e Maria das Dores Fernandes com os principais títulos sobre a questão racial no país.

Dentre as biografias em exposição voltadas para a música temos o livro Tim Maia Vale Tudo, escrito por Nélson Motta; Nelson Cavaquinho violão carioca, de Afonso Machado; Os Sonhos não envelhecem, história que retrata o cantor e compositor mineiro Milton Nascimento e seus companheiros do Clube da Esquina, escrito por Márcio Borges, irmão de Lô Borges; Paulo Moura um solo brasileiro, por Halina Grynberg; “Heitor dos Prazeres – Sua Arte e seu Tempo”, de Alba Lírio sobre um artista negro do início do século, compositor, cantor e pintor autodidata, fundador da escola de samba Portela que tocava clarinete e cavaquinho, tendo seus sambas e marchinhas uma projeção nacional. Há também Pixinguinha vida e obra, biografia escrita por Sérgio Cabral, sobre o compositor de “Carinhoso”. 

No cinema e na televisão temos Grande Otelo – uma biografia, também escrita por Sérgio Cabral; no esporte, Pelé – estrela negra em campos verdes, por Angélica Basthi sobre o maior atleta do século XX e jogador de futebol de todos os tempos e na literatura temos Machado de Assis – Obra completa do maior escritor brasileiro; “A vida de Lima Barreto” de Francisco de Assis Barbosa; Castro Alves – biografia do grande poeta baiano em edição comemorativa. 

Dentre os grandes líderes negros no mundo há um livro sobre Mandela - Retrato Autorizado, com prefácio de Kofi Annan e introdução do arcebispo sul-africano Desmond Tutu e Martin Luther King, o grande líder pacifista assassinado na luta pelo direito dos negros nos Estados Unidos.

Há ainda o livro sobre o Museu Afro Brasil, com o acervo todo dedicado à cultura afro-brasileira nas artes plásticas e visuais, bem como material produzido pelo próprio museu como os dedicados a Theodoro Sampaio, “O sábio negro entre os brancos” e sobre José do Patrocínio, um afro-brasileiro considerado o “Tigre da Abolição,” por ter encabeçado a grande luta abolicionista e ter ativamente participado da vida cultural brasileira como escritor, poeta, jornalista e inventor. Outro livro surpreendente é “O negro na fotografia brasileira do século XIX,” numa pesquisa histórica e fotográfica de George Ermakoff.

Serviço: A exposição ficará aberta até o final do mês de novembro, de segunda a sexta-feira das 7h30min às 17h30min. no espaço reservado para a exposição de livros do acervo da biblioteca. A Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim fica no 2º andar do Memorial da Cultura, Avenida Fernando Correa da Costa nº 559 – para mais informações, telefone: 3316-9161/9175

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