Marcelo Victor/Correio do Estado
No dia 1º de janeiro, as Forças Armadas deram início ao alistamento feminino, iniciativa inédita que segue o Decreto nº 12.154, de 27 agosto de 2024, assinado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Diferentemente do masculino, o alistamento das mulheres é voluntário.
Em Mato Grosso do Sul, serão destinadas 99 vagas para serviço militar inicial feminino, todas elas para Campo Grande. O estado também terá vagas para a Marinha, nos municípios de Corumbá e Ladário, mas a quantidade ainda não foi divulgada. Quanto à Aeronáutica, não há vagas disponíveis para o estado.
As vagas no exército estão divididas entre:
60 para a Base de Administração e Apoio ao CMO;
12 para o Hospital Militar de Área de Campo Grande;
27 para o Colégio Militar de Campo Grande.
Segundo o responsável pela Seção de Serviço Militar Regional, Tenente-Coronel Roberto Júnior, somente na primeira semana, 197 mulheres já se alistaram para concorrer a uma das 99 vagas oferecidas no Comando Militar do Oeste (CMO).
"É um número bastante animador, porque em oito dias nós já temos o dobro (de interessadas) das vagas. Então, até o dia 30 de junho, com certeza nós teremos bastante jovens para serem bem selecionadas e ocuparmos as 99 vagas", declarou o Tenente-Coronel Roberto Júnior.
Vantagens
O Tenente-Coronel Roberto Júnior destaca que a principal vantagem é a vida "na caserna".
"Como costumamos falar, a gente não é nem melhor e nem pior do que ninguém, mas nós temos uma atividade diferente. Elas vão ter instruções de tiro, acampamento, regulamentos, instruções com relação aos atributos da área afetiva, então vai ser um ganho pra elas, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal".
Há quase três anos no CMO, atuando na área administrativa, mais especificamente responsável pela carteira dos oficiais temporários, a tenente Fernanda Villalba considera o alistamento feminino um "ganho", tanto para o exército quanto para as mulheres, principalmente porque elas vão ter a oportunidade de iniciar o exercício militar jovens, em uma fase da vida em que muitas podem não estar recebendo direcionamento quanto à carreira.
"É um ganho, porque é uma preparação profissional, é uma qualificação que elas podem ter. Quando são muito jovens, às vezes, elas não têm um direcionamento muito específico com relação à carreira, então eu acho que é um bom início. A gente tem visto hoje uma geração que pode melhorar seus aspectos profissionais, e eu acho que o exército é uma boa porta de entrada para isso", ponderou.
Etapas de seleção
Serão quatro etapas de seleção das jovens que vão integrar o serviço militar inicial feminino. Confira:
1. Seleção Geral
Na primeira fase, serão realizadas inspeções de saúde, feito por médicos e dentistas, além de uma entrevista, da mesma forma que é feito no alistamento masculino.
2. Designação
No fim do ano, elas serão designadas às atividades.
3. Seleção Complementar
Após a designação, é feita uma seleção complementar, que funciona como uma espécie de "filtro", feita já nas organizações militares para onde foram designadas.
4. Incorporação
A última fase consiste no ato oficial da incorporação.
Alistamento Feminino
Mulheres que completarem 18 anos em 2025 podem, pela primeira vez, se alistar nas Forças Armadas, voluntariamente.
Em todo o Brasil, serão ofertadas 1.500 vagas, nas organizações militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A incorporação começa a partir de 2026.
Por lei, o alistamento tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogado a cada período de um ano até o prazo máximo de oito anos.
O alistamento pode ser feito pela internet, através do site alistamento.eb.mil.br, e presencialmente, na Junta do Serviço Militar, localizada na Rua Antônio Maria Coelho, 300. Caso o alistamento seja feito presencialmente, é necessário documento oficial com foto e comprovante de residência.
Critérios
De acordo com o Decreto nº 12.154, de 27 agosto de 2024, o período de alistamento se dará entre os meses de janeiro e junho, mesmo período do alistamento masculino devendo as voluntárias completarem sua maioridade no ano de inscrição e, ainda, residir em algum dos municípios que possuem Organização Militar e que foram contemplados com essa iniciativa pioneira. A partir do ato oficial de incorporação, o Serviço Militar será de cumprimento obrigatório, ficando a militar sujeita às obrigações e deveres previstos na Lei 4.375/64 e ao respectivo regulamento de cada Força.
Mulheres nas Forças Armadas
Atualmente, as Forças Armadas possuem 37 mil mulheres, o que corresponde a cerca de 10% de todo o efetivo. Com a adoção do alistamento, o número de oportunidades deve crescer gradativamente. Hoje, as mulheres atuam nas Forças principalmente nas áreas de saúde, ensino e logística ou têm acesso à área combatente por meio de concursos públicos específicos em estabelecimentos de ensino, como o Colégio Naval (CN), da Marinha, a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) e a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), da Aeronáutica.
Com o Portal Correio do Estado
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