sábado, 3 de junho de 2023

PM vai investigar policiais que agrediram jornalista em MS

 

                                             Foto: Divulgação




Horas após as agressões contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, de Nova Andradina, a Polícia Militar emitiu nota informando que será instaurado processo administrativo para apurar o fato. 


Na manhã de sexta-feira (2/6), o profissional acabou cercado por quatro policiais militares à paisana, em frente à casa onde reside, no bairro Universitário. O motivo da ação truculenta, de acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil pela vítima, seria porque o jornalista estaria 'comemorando' a transferência de comando do Batalhão daquele município com fogos de artifício. 


O profissional negou tais acusações e relatou, em entrevista ao Dourados News, ter sofrido perseguição do ex-comandante durante três anos em decorrência das suas matérias envolvendo a segurança pública, além de ser constantemente coagido a revelar as fontes das suas reportagens. 


As imagens


Conforme as imagens de câmeras de segurança instaladas na casa de Sandro, é possível ver o jornalista recebendo a abordagem. Ele relata que foi seguido em via pública por dois veículos, antes de chegar ao local. 


Temendo pela vida, se dirigiu até a casa onde mora e ao descer do carro, um dos homens foi na direção da vítima, momento em que reconheceu e percebeu que eram policiais militares lotados em Nova Andradina. 


No vídeo – assista abaixo - é possível ver um dos envolvidos fazendo menção de pegar algo na cintura e logo os quatro vão em direção a Sandro, que tenta se abrigar dentro do imóvel, mas é retirado. 


Na sequência, eles tentam imobilizar o jornalista, que é derrubado na calçada. 


No boletim de ocorrência, Sandro relata que foi imobilizado com um mata-leão e levou socos. Durante as agressões, os filhos da vítima aparecem e tentam ajudar o pai.


Além disso, mesmo sem ordem judicial para busca e apreensão, os policiais vistoriaram o veículo dele, com a justificava de estarem procurando fogos de artifício e faixas.


Cobrança


Diante das agressões contra o profissional, o Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Região da Grande Dourados) se posicionou através de nota e cobrou ação do Governo do Estado em relação ao caso, afirmando ser inaceitável a agressão contra um jornalista em razão da sua profissão, lembrando que essa não foi a primeira vez que o profissional sofreu represálias. 


“Se o comando-geral da Polícia Militar e sua Corregedoria tivessem agido com rigor e imparcialidade a situação não teria chegado ao extremo registrado nesse último episódio, onde o jornalista foi perseguido, cercado, agredido física e moralmente por policiais militares armados e à paisana”, diz em nota.


O sindicato também cobra atitude da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e do governador Eduardo Riedel (PSDB) mediante a ação dos policiais. 


“O Sinjorgran espera que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, determinem a pronta investigação desse grave crime de tortura contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, punindo com o rigor da lei aqueles que deveriam usar a nobre profissão de agente da lei para proteger o cidadão e não para perseguir, agredir e torturar um jornalista em razão do seu trabalho constitucional de informar a sociedade”, relata.


Nota da PM


O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informa que já está tomando todas as medidas necessárias para elucidar os fatos ocorridos na data de 02 de junho, na cidade de Nova Andradina, na qual esteve envolvido o cidadão Sandro de Almeida Araújo. Será instaurado procedimento administrativo para apurar as circunstâncias, bem como a conduta dos policiais militares envolvidos nessa ocorrência.


A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é formada por mulheres e homens que diariamente servem a sociedade sul-mato-grossense mesmo com o risco da própria vida e, em respeito a esses policiais militares e a toda comunidade atendida pela Corporação, o Comando da PMMS, reafirmando o compromisso da instituição com o fiel cumprimento das leis, tem total interesse em elucidar as circunstâncias do fato citado.


Ademais, a PMMS é uma instituição que preza e promove o Estado Democrático de Direito, o qual se solidifica, também pelo livre trabalho da imprensa, segmento que atua em harmonia com a Corporação, inclusive, incentivando o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar.



Adriano Moretto

Dourados News


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