sexta-feira, 30 de junho de 2023

Como está o mercado da soja?

 

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O fechamento da quinta-feira (29), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 14,83/bushel, contra US$ 15,00 uma semana antes
Por:  -Aline Merladete

As cotações da soja, em Chicago, recuaram bastante nesta semana, na esteira de chuvas ocorridas na região produtora dos EUA, no final da semana passada, assim como projeções de novas e melhores chuvas no transcorrer deste final de semana, o que permitiria a recuperação das lavouras da oleaginosa. Com isso, o fechamento da quinta-feira (29), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 14,83/bushel, contra US$ 15,00 uma semana antes, lembrando que no dia anterior o fechamento havia atingido a US$ 14,51.



Os meses futuros continuaram com viés de baixa, sendo que novembro fechou a US$ 12,65/bushel e maio/24 em US$ 12,68, neste dia 29/06. A registrar que o farelo se aproximou do piso dos US$ 400,00/tonelada curta, enquanto o óleo de soja continuou subindo, batendo em 60,83 centavos de dólar por libra-peso no dia 29/06, a mais alta cotação do subproduto desde o início de março do corrente ano. De fato, mesmo com as condições das lavouras piorando, conforme relatório semanal do dia 26/06, divulgado pelo USDA, o mercado cedeu diante da possibilidade de novas chuvas na região produtora. Como sabido, esta é a característica do “mercado do clima” que, nesta época, movimenta as especulações na Bolsa de Chicago. Assim, até a colheita estadunidense, no final de setembro, fortes oscilações nos valores do bushel de soja devem continuar ocorrendo.


Quanto às condições das lavouras, apenas 51% se apresentavam entre boas a excelentes no dia 25/06 nos EUA. Outros 35% estavam regulares e 14% entre ruins a muito ruins. No ano passado, nesta mesma época, 65% das lavouras estavam entre boas a excelentes condições. Todavia, 10% das lavouras já estão em fase de floração, contra 6% no ano passado e 9% na média histórica.


Por outro lado, as exportações de soja, por parte dos EUA, continuam mostrando menos compras por parte da China e maior presença da Europa. Provavelmente os EUA terão que rever para baixo as projeções sobre o volume a ser exportado em 2023/24, pois o total vendido até o dia 15/06 atingia a apenas 3,3 milhões de toneladas, contra 13,4 milhões no mesmo período do ano passado. (cf. Agrinvest Commodities) E na semana encerrada em 15/06 os EUA venderam 457.700 toneladas da safra 2022/23, ficando dentro das expectativas do mercado, enquanto da safra nova foram 168.800 toneladas, direcionadas particularmente para o México.


E aqui no Brasil os preços cederam, com o recuo em Chicago, associado a um câmbio que se manteve entre R$ 4,75 e R$ 4,85 por dólar em grande parte da semana, e prêmios ainda negativos nos portos nacionais. Alerta-se para o fato de que, contrariamente ao que se esperava, por enquanto a sinalização dos prêmios para o segundo semestre, e mesmo para o início do próximo ano, continua negativa. Em Paranaguá, por exemplo, nesta semana o prêmio para julho era de US$ 1,45/bushel negativo, para agosto US$ 0,55 negativo e para março/24 US$ 1,00/bushel negativo.


Em tal contexto, a média gaúcha recuou para R$ 126,12/saco, enquanto as principais praças gaúchas negociaram o saco a R$ 124,00. Já nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 105,00 e R$ 119,00/saco.


Dito isso, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) informou novos números para a safra 2023, apontando que a mesma teria ficado em 156 milhões de toneladas, apesar da forte quebra gaúcha. O esmagamento nacional de soja será de 53,2 milhões de toneladas neste ano, sendo que 16,6 milhões já foram realizados nos quatro primeiros meses do ano, o que é 3,5% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Com isso, a produção total de farelo de soja será de 40,7 milhões de toneladas e a de óleo de soja ficaria em 10,7 milhões. Já as exportações do grão de soja deverão atingir a 97 milhões de toneladas, a do farelo 21,9 milhões e a do óleo de soja 2,3 milhões de toneladas. Pelo valor médio esperado, a receita total com a exportação do complexo soja, neste ano, chegaria a US$ 65,5 bilhões, sendo US$ 52,6 bilhões da soja em grão, US$ 10,3 bilhões do farelo e US$ 2,6 bilhões do óleo de soja.


Especificamente no mês de junho, a expectativa é de que as exportações de soja tenham alcançado 14,2 milhões de toneladas, segundo a Anec. Em isso se confirmando, o Brasil teria exportado, em junho, quatro milhões de toneladas a mais do que no mesmo mês de 2022. Já para o farelo de soja as vendas teriam sido de 2,32 milhões de toneladas, contra 2,16 milhões em junho de 2022.


A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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