quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Senado vota hoje projetos que taxam investimentos de alta renda e apostas on-line. Governo espera R$ 22 bi

 

                                             Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Fazenda tem pressa para aprovar proposta sobre tributação de alta renda, que pode levantar R$ 20 bilhões

O plenário do Senado marcou para esta quarta-feira a votação do o projeto de lei que que muda a tributação da alta renda, em fundos de investimento no exterior (offshore) e exclusivos. Se aprovado, o texto vai direto para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os senadores também devem analisar o projeto de lei que taxa as empresas de apostas on-line, esportivas ou não. Juntos, os projetos podem render R$ 22 bilhões no ano que vem.


O Ministério da Fazenda prevê arrecadar R$ 20 bilhões com a proposta que trata da tributação da alta renda, no ano que vem. A medidas faz parte do pacote de Fernando Haddad para aumentar a receita e tentar garantir o déficit zero.


O relator Alessandro Vieira (MDB-SE) não realizou modificações substanciais no texto que veio da Câmara dos Deputados. Com isso, o projeto poderá seguir direto para a sanção presidencial, se aprovado, sem precisar voltar para análise dos deputados.


Durante a tramitação, Vieria fez uma mudança no texto para garantir que impostos já pagos no país estrangeiro poderão ser abatidos no IR pelo investidor, evitando a bi tributação


A proposta tributa os investimentos fora do país a uma taxa de 15%, que deverá ser paga uma vez ao ano. Para os fundos exclusivos, a taxa será de 15% em aplicações de longo prazo e 20% para fundos de curto prazo. Nesta modalidade, a cobrança ocorrerá duas vezes ao ano.


Os investidores também precisarão pagar o imposto sobre a aplicação acumulada nos fundos, chamada de estoque. Para aqueles que fizerem o pagamento antecipado, até dezembro deste ano, a taxa será de 8%. Quem deixar o pagamento do estoque para 2024, será cobrado com o valor total do tributo, em 15%.


Esses investimentos especiais dos super-ricos não têm, hoje em dia, a cobrança do chamado come-cotas, imposto que recai periodicamente sobre aplicações financeiras, apenas quando há resgate de valores.


Os fundos de investimentos exclusivos do agronegócio e imobiliários, com 50 participantes ou mais, continuam com isenção de imposto come-cotas, como é hoje. A manutenção da isenção para os fundos com menos cotistas, porém, teria uma condição: pessoas da mesma família, com CPFs interligados até parentesco de segundo grau, não podem ter juntos mais de 30% das cotas do fundo.


Apostas on-line

O Senado também vota o projeto de lei que taxa as empresas de apostas on-line, esportivas ou não. O texto segue para o plenário do Senado, mas precisará voltar para a Câmara dos Deputados, após mudanças.



O relator Angelo Coronel (PSD-BA) diminuiu o tributo cobrado sobre o faturamento das empresas para 12%. Além disso, o texto traz a obrigatoriedade das chamadas bets estrangeiras terem ao menos 20% do capital nas mãos de uma empresa brasileira.



O texto aprovado na Câmara previa uma cobrança de 18% sobre o faturamento. Angelo Coronel afirmou que as mudanças foram acordadas com as empresas e o Ministério da Fazenda. A pasta espera arrecadar R$ 2 bilhões no ano que vem com a medida, estimativa considerada conservadora.


A cobrança no imposto de renda do jogador será de 15% em cima do ganho de capital.


A proposta mantém o direito à publicidade das empresas em estádios e veículos de comunicação, mas com regras, já definidas no texto da Câmara. Coronel também manteve a regularização de todos os tipos de jogos on-line.


O projeto também institui uma outorga inicial para autorizar os sites a funcionarem legalmente, de R$30 milhões, por 5 anos.



Coronel aceitou uma sugestão do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) para a comercialização de apostas de quota fixa por Permissionários Lotéricos, a partir outorgas adquiridas pela Caixa Econômica Federal.


Acordo entre Fazenda e Esporte

O Ministério da Fazenda propôs uma divisão nas responsabilidades de distribuição das receitas com apostas. A equipe econômica propõe que o repasse para as entidades e confederações esportivas fique com o Ministério do Esporte.



O total arrecadado terá a seguinte divisão de acordo com o texto no Senado:


10% para a área de educação, divididos entre entidades executoras de unidades escolares públicas e escolas técnicas públicas de nível médio;

14% para a área da segurança pública;

36% para a área do esporte, divididos entre Ministério do Esporte, organizações de prática esportiva,, confederações esportivas, secretarias estaduais de esportes;

10% para a seguridade social;

28% para a área do turismo, dividido entre Ministério do Turismo e Embratur;

1% ao Ministério da Saúde, para medidas de prevenção de danos sociais advindos da prática de jogos nas áreas de saúde;

0,50% divididos entre as seguintes entidades da sociedade civil, Fenapaes, Fenapestalozzi e Cruz Vermelha

0,50% para o Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal

Programa Reporto

O relator havia acrescentado no projeto de apostas on-line um trecho que estendia por mais cinco anos a isenção fiscal para projetos de modernização de portos, chamado Reporto.


Após protestos de senadores que chamaram a tentativa de jabuti, o artigo foi retirado da proposta de apostas e o projeto de prorrogação do Reporto foi votado separadamente


Por 

— Brasília

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