Folhapress
O bandoneonista e diretor de orquestra Leopoldo Federico, um dos maiores nomes do tango argentino, morreu ontem (28) em Buenos Aires, aos 87 anos, informou a Associação Argentina de Intérpretes (AADI) em comunicado. A causa da morte não foi ainda divulgada.
O músico, que presidia a AADI, estava internado em um hospital da capital argentina.
O bandoneón é um instrumento musical inventado na Alemanha, semelhante a um acordeão.
Começou a desembarcar na Argentina no final do século 19 e tornou-se um símbolo do tango.
Federico começou a tocar ainda adolescente. Aos 17 anos se apresentava profissionalmente em clubes e boates.
Dividiu o palco com nomes famosos do tango, como Astor Piazzolla, Julio Sosa e Mariano Mores.
Em 1958, fundou sua própria orquestra. Entre suas composições de mais destaque estão "Que me juzgue Dios", "Cabulero" e "Al galope".
Federico foi um dos músicos convidados do documentário "Café dos Maestros" (2008), dirigido por Miguel Kohan. A produção foi exibida no Festival de Cinema de Berlim.
Ao longo de sua carreira, recebeu várias prêmios, entre eles dois Grammys Latinos. O músico foi declarado cidadão ilustre de Buenos Aires em 2002.
Há dois anos, ao receber uma homenagem, relembrou os músicos com os quais trabalhou.
"A verdade é que sempre estive do lado de pessoas que me ensinaram muito. Tocar com Horacio Salgán foi um presente do destino. Piazzolla foi insuperável. Queria começar tudo de novo e fazer as mesmas coisas."
Em 2009, em entrevista à Folha de S.Paulo, disse que o bandoneón "parece um ser humano".
"O bandoneón respira e é um instrumento dotado de um grande mistério. Quando alguém abre esse fole, parece que está sentindo um coração bater. O mesmo instrumento soa de maneira distinta de acordo com quem o toca. O meu vai soar diferente se for tocado por outro músico, porque ele responde à sensibilidade de quem toca. O bandoneón não é feito de carne e osso, mas parece um ser humano."
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