sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Suspeitos de morte de médicos foram executados menos de 12 horas após o crime, aponta investigação

 

                                             Foto: Reprodução

Por — Brasília


Os quatro suspeitos do triplo homicídio de médicos na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, podem ter sido mortos entre 10 e 12 horas após o crime. A hipótese deriva de um laudo produzido por peritos da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a partir da análise das condições dos quatro cadáveres, que mostra que dois deles aparentavam estar em rigidez muscular generalizada. Segundo especialistas, uma mudança bioquímica provoca esse enrijecimento dos corpos a partir desse intervalo de tempo.


Como os corpos foram encontrados?

De acordo com o documento, ao qual O GLOBO teve acesso, os cadáveres de dois dos criminosos encontrados na Rua Abraão Jabor, no Camorim, também na Zona Oeste, já apresentavam a condição de rigidez muscular generalizada às 22h40 desta quinta-feira. Nesses, havia ainda orifícios típicos de ação perfuro-contundente, provocados por disparos de armas de fogo e facadas, nas regiões dorsal, lombar, torácica, epigástrica e flanco direito. 



O que pode ter provocado rigidez nos corpos encontrados?

Professor da Universidade Federal da Alagoas, o médico legista George Samuel Sanguinetti explica que o tempo para que ocorra essa rigidez generalizada sofre variações de diversos fatores. Ele afirma ainda que somente o exame cadavérico, feito pela pelos peritos no Instituto Médico-Legal (IML), poderá atestar essas informações com maior precisão:


— Quando existe morte, um dos primeiros fenômenos de transformação que aparece no cadáver é a rigidez, que começa pelo mento e se espalha pelos músculos de todo o corpo. Essa mudança bioquímica depende de diversos fatores, como a idade da pessoa e o que ela ingeriu antes da morte e ainda de variações do meio ambiente, como a temperatura do local. É possível estimar que esse enrijecimento generalizado se dê entre oito e dez horas após a morte.


A análise feita pelo Grupo Especial de Crime (GELC) da DHC aponta que, dentro de um Honda HRV no Camorim, foram encontrados três corpos de homens, dois brancos e um pardo, que aparentavam ter 25 anos. Todos estavam de camisas, bermudas e tênis. O carro teria sido abandonado no local por volta de 22h55 e o seu motorista resgatado por uma motocicleta, de modelo e cor não identificados.


Já na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, na Gardênia Azul, também na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste, os agentes encontraram um quarto corpo, por volta de 01h03, dentro do porta-malas de um Toyota Yaris. O homem, que seria Philip Motta Pereira, o Lesk, também apresentava “múltiplos ferimentos provocados por projétil de arma de fogo”.


Para o perito Nelson Massini, professor titular Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, as lesões que aparecem nos suspeitos, inclusive contusões nas cabeças, demonstram que eles foram torturados e tiveram os corpos arrastados.

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