sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Jakeline Sanfoneira faz show hoje em Aquidauana

 

                                            Foto: Divulgação


Para quem a chama de musa, na internet ou nos shows, ela costuma devolver com outro cortejo. “Tenho o costume de chamar meus seguidores de bonitos e bonitas”, confirma Jakeline Sanfoneira. Porém, com um sorriso permanente de orelha a orelha, nem precisava. Mesmo de olhos fechados, é possível sentir o carisma da menina que aprendeu, aos 11 anos, a tocar o instrumento que lhe dá nome.


Que o diga quem já a ouviu executar, no acordeão, “Uma Noite Na Fronteira”, tema instrumental que gravou com Maciel Corrêa para o álbum “Curicaca Pantaneira” e que é presença obrigatória no repertório da artista.

Filha de uma tradição do chamamé que, atualmente, aos 45 anos, ajuda a perpetuar com seu canto e sua destreza no instrumento, Jakeline Sanfoneira é uma das atrações de abertura do 4° Encontro de Chamamezeiros de Mato Grosso do Sul.


O evento será realizado hoje e no sábado, em Aquidauana, no Teatro de Arena (Av. Pantaneta), com entrada franca, a partir das 18h. Em Campo Grande, a Musa Pantaneira – como também é conhecida – se apresenta somente no dia 22 de setembro, no Festival Internacional de Chamamé 2023. São duas grandes oportunidades de ver de perto, uma vez mais, a tradição do chamamé encarnada.


Tradição. Essa é uma palavra que cala fundo na sensibilidade de Leila Siqueira Vieira Nascimento, nome de batismo da estrela do gênero mais tradicional da música sul-mato-grossense. E Jakeline não quer saber de muitas novidades quanto a isso. “Não acho que o chamamé deva mudar ou que se deva modernizar o chamamé”, crava. “É um estilo nosso, sul-mato-grossense de ser”, complementa.



Também pudera. Jakeline foi criada ouvindo a música regional de Délio & Delinha, Maciel Corrêa, Zé Correia e outros nomes para além do Estado, como a sanfoneira gaúcha Berenice Azambuja, as Irmãs Freitas e a sertaneja Roberta Miranda.


“Música faz parte da minha vida desde sempre. Música para mim é uma arte que amo. Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida”, afirma a campo-grandense do signo de escorpião, nascida em 10 de novembro de 1977.


MÚSICA SEM FUTURO

“O chamamé é a minha referência, pois o instrumento que eu toco é 100% chamamé. Isso considerando que a nossa capital CG é a Capital [Nacional] do Chamamé. O chamamé tem me aberto muitas portas, e eu, que toquei por cinco vezes no Festival Internacional do Chamamé, de integração Brasil, Argentina e Paraguai, só tenho a agradecer. Se hoje sou a Jakeline Sanfoneira, é por conta dos chamamezeiros daqui do nosso estado e da nossa capital”, fundamenta.


“No início da minha carreira musical, o chamamé era muito pouco tocado. Havia muitas críticas, uma delas era que o chamamé seria música sem futuro. Ninguém gostava, mas, mesmo assim, dei continuidade, 

pois foi o gênero que eu conhecia e que aprendi a gostar desde criança, uma referência”, prossegue Jakeline.

“O meu título de sanfoneira é porque eu toco todos os estilos musicais. Lógico que o regional vem em primeiro lugar, mas eu toco e canto de tudo um pouco na sanfona”, detalha.


A sanfoneira conta que aprendeu a tocar a partir do incentivo do pai, Tavinho Vieira. “Ele é que tinha o sonho de tocar, porém, nunca conseguiu. 


Então ele passou esse sonho para mim. Aprendi tocar com Osmar Lima, do grupo Os Originais da Fronteira. Com três meses de aula, eu já havia aprendido na prática o acordeão”, conta. O início, já aos 11 anos, foi cantando. “Depois aprendi a tocar violão. Em seguida, meu meu pai trouxe uma sanfona de presente, uma escala 80 baixos”, ressalta.


Como, segundo afirma, aprendeu “muito criança”, Jakeline dominava os baixos do acordeão com facilidade mesmo enquanto soltava a voz. “Aprendi tudo com muita rapidez, então não tenho essa dificuldade até hoje de cantar e tocar ao mesmo tempo. Meu primeiro show foi cantando, aos 11 anos, na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, do distrito de Anhanduí, com o grupo Os Originais da Fronteira”, recorda.


MUSA DE FAMÍLIA

Para ela, o show mais marcante até hoje foi em janeiro, em Corrientes, na Argentina. “Representando o Brasil, meu estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande, minha cidade natal”, orgulha-se a mãe de Sandro Junior e João Pedro e madrasta de Fernanda e Gustavo. Os dois últimos são filhos de Givanildo da Silva Nascimento, o técnico de sistemas com quem Jakeline é casada há 17 anos – e que parece ser seu fã número um.


“Criamos os quatro juntos. Ele [Givanildo] é supercompanheiro, cuida da parte burocrática de minha carreira e é meu motorista particular. Quando tenho que viajar, ele se responsabiliza pelo nosso filho [João Pedro] e as responsabilidades da rotina de nossa casa”, derrama-se a Musa Pantaneira. A prole se expande com os cinco netos do casal.


“Minha rotina é tranquila, um pouco imprevisível, porém, tranquila. Ensaio muito para aprender músicas novas durante a semana para tocar aos fins de semana. Muitas vezes, durante a semana, também tenho show”, conta a Musa... 


Aliás, de onde veio esse apelido artístico, Jakeline?


“Do meu amigo Donizete Santos, da dupla Divino & Donizete, os ‘Violeiros do Brasil’ Há sete anos, ele me deu o título de Musa Pantaneira, pois já tem uma Musa do Chamamé. Achei que encaixou comigo pelo Pantanal, mas musa, de início, achei demais”, conta a sanfoneira aos risos. “Acabei me acostumando com o tempo. E as pessoas me chamam de musa hoje em dia”.

Nenhum comentário: