sexta-feira, 28 de julho de 2023

Cotações do trigo voltam a subir em Chicago

 

                                                           Divulgação

As cotações do trigo voltaram a subir nesta semana
Por:  -Seane Lennon

As cotações do trigo, em Chicago, voltaram a subir nesta semana, chegando a atingir limite de alta no dia 25/07. Após isso houve um ajuste no movimento, com o  fechamento desta quinta-feira (27) ficando em US$ 7,12/bushel, contra US$ 7,27 uma semana antes. Portanto, durante a semana o mercado chegou a bater nas melhores  cotações desde meados de fevereiro passado, porém, recuou posteriormente.



A guerra entre Rússia e Ucrânia, com os novos desdobramentos da mesma, implicando em prejuízos às exportações ucranianas de trigo e milho, está no centro de  tal comportamento de preços.  Por outro lado, até o dia 23/07, as condições das lavouras do trigo de primavera, nos  EUA, indicavam 49% das mesmas entre boas a excelentes, contra 68% no ano  passado, na mesma época. Já o trigo de inverno, naquele país, estava com 68% da  área colhida, contra 77% na média histórica para a data.


Enquanto isso, os EUA embarcaram 358.796 toneladas de trigo na semana encerrada em 20/07, ficando acima das expectativas do mercado. Com isso, o total embarcado no  atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, chega a 2,2 milhões de toneladas. Mesmo  assim, 17% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior. 


Em tal contexto, o mercado do trigo no Brasil assiste a uma pequena recuperação nos  preços do cereal, enquanto aguarda a entrada na nova colheita, a qual começará em setembro no Paraná. A média gaúcha fechou a semana em R$ 66,00/saco, enquanto  no Paraná o produto subiu para valores entre R$ 68,00 e R$ 69,00/saco.


No geral, o mercado nacional do trigo está cauteloso, e os preços locais, diante da  última safra recorde e de uma expectativa de nova safra cheia do cereal, pouco se  movimentam, embora o recrudescimento da guerra no Leste Europeu. "Além disso, existem notícias de vendas de trigo da safra velha paraguaia a US$  280,00/tonelada CIF moinhos (cerca de R$ 1.325,00/tonelada ao câmbio de hoje).  Apesar de serem volumes pequenos, servem de argumento para que os moinhos  nacionais achatem suas ofertas. A indicação para o trigo paranaense, no CIF, fica entre  R$ 1.460,00 e R$ 1.500,00/tonelada. O produtor paranaense segue pedindo entre R$  1.480,00/1.500,00 no FOB, enquanto no Rio Grande do Sul o produtor estaria pedindo  R$ 1.300,00/tonelada”, ou seja, R$ 78,00/saco. Valor muito  acima do que está pagando o mercado já há algum tempo. 


Assim, embora o clima possa ainda provocar fortes mudanças, diante de consumidores  abastecidos e perspectiva de safra cheia, não há como o conflito atual no Leste  Europeu elevar os preços internos do trigo, salvo uma surpresa. Ou seja, a estabilidade do mercado, que já vem de algum tempo, tende a permanecer até a colheita. Mesmo  assim, o mercado já registra pequeno avanço de preço em relação aos seus piores  momentos, ocorridos semanas atrás. 


Para consolidar o quadro de estabilidade, com futuro viés de baixa, a iniciativa privada  confirma estimativas de que a nova safra de trigo brasileira possa atingir a 11,5 milhões  de toneladas, chegando a um novo recorde. A produtividade média esperada estaria  em 3.240 quilos/hectare, sobre uma área que teria crescido 6,7% no país. Mas para muitos produtores, as lavouras não estão tão bem assim, indicando uma  produtividade menor do que o esperado, o que reduziria a produção final. Além disso,  no Rio Grande do Sul, o impacto do clima pesa sobremaneira nos meses de setembro  e outubro. Portanto, há muita coisa ainda por acontecer até a safra estar colhida. 


Dito isso, se a safra vier cheia, e o Brasil importar efetivamente 5,8 milhões de  toneladas, como se projeta, os estoques finais do cereal irão crescer 165,8% na safra,  para 2,56 milhões de toneladas. A relação estoque/uso ficaria muito boa, chegando a  14,3% em 2023/24, contra 5,3% em 2022/23. Neste caso, haverá forte  pressão baixista sobre os futuros preços internos do trigo.


A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

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