A China anunciou que imporá tarifas adicionais de 34% sobre importações dos EUA em retaliação às tarifas do mesmo valor reveladas pelo presidente Donald Trump esta semana como parte de sua agressiva agenda comercial.
O Ministério do Comércio disse na sexta-feira (4) que a tarifa será imposta a todos os bens importados originários dos EUA a partir de 10 de abril.
As tarifas sobre exportações chinesas devem subir para mais de 60% depois que o presidente dos EUA anunciou tarifas "recíprocas" de 34% que se somam às tarifas existentes.
Pequim denunciou as novas tarifas dos EUA como "uma típica ação de intimidação unilateral" que "não está em conformidade com as regras do comércio internacional e prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos da China".
Os preços do petróleo caíram acentuadamente após o anúncio chinês, em decorrência do temor de que uma guerra comercial limite o crescimento econômico global.
O Brent, referência internacional, perdeu 6,1%, caindo para US$ 65,85 (R$ 370,67) por barril, enquanto o WTI, seu equivalente nos EUA, caiu 6,6%, para US$ 62,53 (R$ 351,98).
Os índices de referência caíram mais de 13% desde que os EUA anunciaram tarifas abrangentes na quarta-feira.
Na sexta-feira, o Goldman Sachs reduziu sua meta de preço para o ano para o Brent em US$ 5, para US$ 62 por barril, e alertou que "a volatilidade dos preços provavelmente permanecerá elevada devido ao maior risco de recessão".
AÇÕES GLOBAIS AMPLIAM PERDAS NESTA SEXTA
As ações globais ampliaram suas perdas na sexta-feira após uma venda brutal na quinta-feira desencadeada pela blitz tarifária de Donald Trump.
O mau humor cresceu ainda mais depois que a China anunciou tarifas retaliatórias aos EUA.
Os futuros do S&P 500 caíam 2,43%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq 100 tinha queda de 2,63%, e o futuro do Dow Jones recuava 2,4%. Na quinta-feira, o S&P 500 já havia sofrido sua maior queda diária desde 2020.
O índice Stoxx 600, referência da Europa, despencou 4,4% nas negociações do final da manhã em Londres, enquanto o FTSE 100 caiu 2,6%. O Dax da Alemanha recuou 4,8%.
Os investidores continuaram a investir em Títulos do Tesouro dos EUA, reduzindo o rendimento em 0,15 pontos percentuais no dia, para pouco abaixo de 3,9%, o nível mais baixo desde o início de outubro.
Os mercados asiáticos também caíram, com os EUA prontos para estender as quedas à medida que os investidores se moviam para títulos do governo.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou em baixa de 2,75%, registrando uma queda de 9% na semana, seu declínio semanal mais acentuado desde março de 2020. Durante a sessão, o índice também atingiu seu menor nível desde o início de agosto.
O índice bancário caiu mais de 8% na capital japonesa nesta sexta-feira, registrando uma queda de 20% na semana, seu pior desempenho semanal já registrado, de acordo com dados da LSEG. As ações de bancos japoneses têm ganhado popularidade entre os investidores que apostam no aumento dos juros pelo Banco do Japão.
As Bolsas da China não abriram em virtude de feriado. Já o índice S&P/ASX 200 da Austrália caiu 2,4%, e o Kospi da Coreia do Sul sofreu perda de 0,9% .
Os rendimentos dos títulos do governo caíram à medida que os investidores procuravam ativos de refúgio, com o Tesouro dos EUA de 10 anos caindo para 3,94%. Os rendimentos dos títulos do governo japonês de 10 anos caíram 0,19 pontos percentuais para 1,16%.
Os investidores estarão atentos aos dados do mercado de trabalho dos EUA. Economistas consultados pela Reuters estimam que 135 mil empregos foram adicionados em março.
O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, fará um discurso no final da manhã nos EUA. Os mercados futuros estão precificando quatro cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros do Fed até o final deste ano, em comparação com os três que eram esperados antes do anúncio das tarifas na quarta-feira.
O dólar americano subiu 0,5% em relação a uma cesta de moedas, estabilizando-se após a forte queda de quinta-feira.
BRASIL SE ARMA PARA RETALIAÇÃO, MAS DEVE TENTAR NEGOCIAÇÃO
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se arma para uma eventual retaliação comercial contra as tarifas adicionais anunciadas por Donald Trump, mas, antes de seguir pelo caminho mais drástico, pretende insistir em negociações com os Estados Unidos para tentar derrubar barreiras contra o aço e o alumínio brasileiros.
A ideia do governo é atuar em duas frentes. De um lado, enviar sinais públicos de que tem meios para retaliação e está disposto a adotar contramedidas caso seja necessário. De outro, avaliar o real impacto do tarifaço sobre as exportações brasileiras, mapear possíveis oportunidades e insistir nos contatos bilaterais para abrir cotas nas vendas de aço e alumínio.
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