Foto: Divulgação
Seis meses antes de morrer, em 2019, Ruth de Souza recebeu o convite de uma editora para escrever sua autobiografia. A atriz, ícone do teatro, da teledramaturgia e do cinema brasileiros, fez, então, um pedido: "Quero que Lázaro Ramos escreva".
O ator, diretor, produtor respondeu de pronto: "Dona Ruth, vamos fazer o seguinte: vou ser seu ghost writer. Venho para cá aos domingos, e a senhora me conta a sua vida".
Foi o que ele fez. Durante meses, Lázaro acordava aos domingos e se mandava para a casa da atriz. Foram meses assim até que dona Ruth faleceu antes de terminar de narrar detalhes dos acontecimentos de sua vida a trajetória profissional.
Lázaro, então, mergulhou em pesquisas e em conversas com gente que conhecia a história da atriz. Resultado: a obra está pronta, prevista para ser lançada no segundo semestre do ano que vem.
- Está ali a história dela, do jeito que ela queria que fosse contada. Estou respeitando a voz dela - conta Lázaro. - Dona Ruth tem muitas biografias, mas escolheu contar de um jeito muito específico, num formato diferente, o que me interessa muito nas histórias que conto. Minha relação com ela inspirou o jeito que tudo está sendo contado
O novo livro chegará às livrarias um pouco depois da continuação "Na minha pele", best-seller que Lázaro lançou em 2017, que deve chegar às prateleiras em março. A nova obra repete o formato de bate-papo com o leitor, repleto de memórias particulares e reflexões sobre a história do Brasil, construção de identidade e outros assuntos. Mas traz um Lázaro mais afiado nas críticas e mais aberto e corajoso ao expor histórias íntimas e bonitas de sua família, passando também por preconceito e violência. Um Lázaro que também passa a relação com a mãe a limpo.
- O sorriso dela, que funcionava como uma capa, me incomodava muito - revelou ele, sobre a postura subalterna da mãe diante dos patrões, da família para quem ela era trabalhadora doméstica -. Mas, aos poucos, fui entendendo a história dela, muito difícil.
O novo livro se chamará "Na nossa pele".
Por
Maria Fortuna— Rio de Janeiro
O Globo

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