Durante o envelhecimento, é natural que o cérebro humano perca seu tamanho gradualmente. No entanto, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, encontraram evidências de que existe uma ligação entre a diabetes tipo 2 e o encolhimento cerebral acelerado em pessoas acima dos 50 anos.
Segundo o estudo, pessoas que perdem uma grande quantidade de substância branca (tecido que contém fibras nervosas no cérebro) ao longo da vida apresentam um risco 86% maior de desenvolver comprometimento cognitivo leve. Essa conexão já havia sido feita em pesquisas anteriores.
Contudo, a novidade apresentada pelo trabalho é que essa perda foi significativamente maior para aqueles com diabetes tipo 2, e dessa forma, esse grupo acabou enfrentando um risco 41% maior de desenvolver a condição. Além disso, caso a pessoa tenha diabetes e biomarcadores de placas amiloides (associadas ao Alzheimer), o risco aumenta para 55%.
Isso ocorreu, segundo os pesquisadores, justamente pelo efeito incomum do encolhimento mais rápido que o normal desta região do cérebro após os 50 anos.
"Essas descobertas destacam que as alterações no volume da substância branca estão intimamente associadas à função cognitiva no envelhecimento, sugerindo que a degeneração da substância branca pode desempenhar um papel crucial no declínio cognitivo", escreveram os autores.
A diabetes tipo 2 aparece geralmente na fase adulta e é consequência de um mau funcionamento da insulina produzida pelo corpo. Com isso, o pâncreas passa a produzir uma maior quantidade do hormônio para tentar manter a glicose em níveis normais.
Estudo acompanhou participantes por 28 anos
O estudo, iniciado em 1995, acompanhou 185 participantes com idade média de 55 anos e com cognição normal até 2023. Durante o período foram realizados diversos exames de ressonância magnética cerebral. Ao fim do acompanhamento, 60 pessoas evoluíram para comprometimento cognitivo leve (CCL) e 8 desenvolveram demência.
No entanto, a maior parte dessas pessoas eram mulheres brancas, com alto nível de escolaridade e que apresentavam histórico de Alzheimer na família. Dessa forma, novas pesquisas precisam ser feitas para traduzir as evidências encontradas em populações mais diversas.
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O GLOBO— Rio de Janeiro

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