domingo, 27 de dezembro de 2020

Com corredor gastronômico, projeto mira sucesso da Rua 14 de Julho

 


Naiane Mesquita, Rafaela Moreira


As obras da segunda etapa do projeto Reviva Centro devem começar no primeiro semestre de 2021. A empresa que executará as intervenções será conhecida no dia 19 de janeiro e a previsão é de que todas as mudanças sejam feitas em 15 meses. Entre os pontos do projeto, a transformação da Rua José Antônio em um corredor gastronômico é uma das principais medidas.


Para o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, a intenção é que o local tenha o mesmo “sucesso” que a Rua 14 de Julho, que foi a primeira via a passar pelas modificações do projeto.


“Temos pesquisas que mostram que houve aumento no movimento da 14 de Julho depois da revitalização e esperamos que o mesmo aconteça com a José Antônio”, declarou Fiorese.


O projeto para a segunda rua, porém, tem algumas diferenças em comparação com a 14 de Julho. Desta vez, a obra é mais simples e rápida, e o secretário explica que durante a execução a via não precisará ficar interditada por dias, como ocorreu com a primeira.


“Na 14, foram feitas as obras de drenagem, o embutimento da fiação, agora não. Será o recapeamento, o paisagismo e a adequação de calçadas. Se houver interdições, serão pontuais e devem durar no máximo um dia. Mas o nosso objetivo é fechar a rua apenas parcialmente durante a reforma”, explicou o secretário.


A questão das interdições, inclusive, é um dos pontos que mais incomodam os empresários da região. O medo do comerciante Francisco dos Santos, 55 anos, é de que as intervenções causem prejuízos para os empresários antes de gerar lucros.  


“Eu paro para analisar sobre a 14 de Julho, muita gente faliu ali. Ficou muito tempo em reformas, muitas pessoas não conseguiram se reerguer e foram embora. A minha preocupação é com o comerciante pequeno, dependendo do nível da obra, há pessoas que não vão aguentar ficar um ano com essa rua parada”, disse.


Esse é o medo também do vendedor Pedro Paulo Gomes, 37 anos. “A obra da 14 de Julho ficou muito bonita, show de bola, mas não sei se o transtorno que causou valeu a pena. Eu sou a favor de melhorias para a população, mas às vezes a dor de cabeça não vale. Muitos comerciantes fecharam as portas, tomara que nessa segunda etapa aqui na Rua José Antônio o transtorno não seja tão grande”, explica.  


ÁREA DE CONVIVÊNCIA

Antes mesmo do início das obras na região, a Prefeitura de Campo Grande já fez algumas mudanças na José Antônio. Ao todo, 900 mudas cedidas pelo Viveiro Municipal Flora do Cerrado, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), foram colocadas na região, com o objetivo de alargar trechos de calçadas para gerar pequenos “bolsões de permanência”.


Além disso, muros de comércios que fazem esquina com a Rua Barão do Rio Branco, na José Antônio, estão recebendo pinturas feitas pelo artista plástico Guto Naveira.


O projeto é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a prefeitura entra com a cooperação técnica. Campo Grande foi a única cidade no Brasil a ser escolhida para participar dessa iniciativa. As intervenções são de curto prazo e baixo custo e ajudam nas dinâmicas tanto dos comércios e serviços da região como na relação de moradores e visitantes da área, funcionando como pequenos pontos de encontro, segundo a administração.


Apesar de ser uma medida para deixar os visitantes mais confortáveis, há também quem não tenha gostado porque algumas vagas de estacionamento foram perdidas. “A questão do estacionamento aqui já está um caos, muitas pessoas já vieram reclamar. Por conta dessas áreas de convivência que montaram, vários trechos foram fechados, impedindo estacionamento. Aqui não tem só área de comida, tem hospital, farmácias, barbearia, ótica, é necessário ter local para estacionar, se não tem onde deixar o carro, a pessoa vai embora”, reclama Santos.


Para o presidente da Associação de empresários da Rua José Antônio, Rodrigo Hata, 39 anos, as medidas tendem a ser positivas para a região, já que unem as intervenções estruturais, como visuais e culturais.


“Atualmente, estamos passando por um processo de testagem de urbanismo tático e ativações culturais e turísticas, ou seja, tudo está sendo feito de forma colaborativa para que o projeto de revitalização tenha um estudo baseado no que foi validado antes. O conceito de uma melhor utilização de espaços públicos e ou ampliação de calçadas está tendo um ótimo resultado, a iluminação da via foi trocada por LED com mais potência, e isso já traz uma grande diferença, e ter um calendário cultural faz com que a população fique conectada com o que está acontecendo na rua”, contou Hata, que ainda disse que o grupo prepara ações de marketing para atrair os clientes.


Entre as ações estão o “Conheça a José Antônio e se apaixone”, a iluminação natalina e o fato de ela ser rota do City Tour. “Com isso, atrai olhares e causa interesse em saber o que está acontecendo nela. Tudo vai ter de ser medido para que se chegue a um projeto harmônico, ampliar espaço de calçadas é bom para um segmento e ruim para outro, pois perdemos vagas de estacionamentos, então tudo deverá ser levado em consideração para que a nossa querida José Antônio se torne um cartão-postal, um grande atrativo turístico e comercial de Campo Grande”, ressalta o empresário.


PROJETO

As obras estão orçadas em R$ 63,2 milhões. Serão 16,7 quilômetros de recapeamento, além de revitalização que abrangerá as vias transversais à Rua 14 de Julho, no quadrilátero das ruas 26 de Agosto/Barão de Melgaço, Antônio Maria Coelho, Padre João Crippa e Avenida Calógeras, além de outras vias. Também será feito asfalto novo e o projeto inclui novas calçadas, com acessibilidade, arborização e iluminação.


As ruas Barão de Melgaço e 26 de Agosto receberão recapeamento, acessibilidade nas calçadas, arborização e lâmpadas de LED. As ruas Antônio Maria Coelho e Maracaju serão contempladas com recapeamento da 25 de Dezembro até a Cabeça de Boi e revitalização entre a Rui Barbosa e Ernesto Geisel.


A Rua Padre João Crippa ganhará recapeamento, acessibilidade nas calçadas, reforço da arborização e iluminação de LED. A Avenida Calógeras terá uma ciclovia da Afonso Pena até a Costa e Silva, e outra da Orla Ferroviária até a Avenida Gury Marques; além de recapeamento, acessibilidade nas calçadas, reforço da arborização e iluminação de LED.


A Rua José Antônio, além do corredor gastronômico, será recapeada da Rua Amazonas até a Avenida Rodolfo José Pinho. A Marechal Cândido Mariano Rondon também receberá asfalto novo em toda a sua extensão, assim como a Rua 13 de Maio.

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