quarta-feira, 18 de novembro de 2020

CoronaVac é segura e induz resposta imune, aponta estudo

 


G1


Um estudo feito com 743 pacientes mostrou que a vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, e que está em testes no Brasil, mostrou segurança e resposta imune satisfatória durante as fases 1 e 2 de testes (veja abaixo detalhes do estudo).

O artigo foi publicado nesta terça-feira (17) na revista científica "The Lancet".

A fase 2 dos testes de uma vacina verifica a segurança e a capacidade de gerar uma resposta do sistema de defesa. Normalmente, ela é feita com centenas de voluntários. Já a fase 1 é feita em dezenas de pessoas, e a 3, em milhares. É na fase 3 que será medida a eficácia da vacina.

Os participantes eram adultos saudáveis de 18 a 59 anos e foram escolhidos aleatoriamente para receber duas doses da vacina experimental: dose baixa de 3 microgramas, dose alta de 6 microgramas, ou placebo. Segundo a pesquisa, as respostas de anticorpos foram induzidas no prazo de até 28 dias após a primeira imunização.


Destaques do estudo


Fases 1 e 2 envolveram 743 voluntários saudáveis na China, de 18 a 59 anos. Na fase 1, foram 143; na fase 2, 600.


Vacina tem duas doses e parece ser segura e bem tolerada.


Efeito colateral mais comum relatado foi dor no local da injeção.


Objetivo principal desta etapa da pesquisa foi avaliar a resposta imune e segurança da vacina.


Estudo não avaliou a eficácia na prevenção da infecção por Covid-19.


Novos estudos serão necessários para testar a vacina em outras faixas etárias, bem como em pessoas que tenham condições médicas pré-existentes.


“Nossas descobertas mostram que a CoronaVac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos dentro de quatro semanas de imunização, dando duas doses de vacina em um intervalo de 14 dias”, disse o professor Fengcai Zhu, autor principal do estudo.


Resposta dos anticorpos


O estudo não analisa a taxa de eficácia da vacina, que representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. A pesquisa avaliou a resposta imune gerada, dado que não necessariamente garante a eficácia da vacina.


Ao analisar a resposta imune, o estudo das fases 1 e 2 focou apenas na quantidade de anticorpos. Os pesquisadores não avaliaram também o comportamento das células T (ou linfócitos T), que também fazem parte do sistema imunológico e são capazes de identificar e destruir células infectadas.


De acordo com a pesquisa, a taxa de anticorpos neutralizantes encontrada no sangue dos voluntários esteve abaixo (entre 2,5 e até seis vezes) do que é verificado em pacientes que já foram infectados pela Covid.


Apesar deste dado, os pesquisadores afirmaram à revista The Lancet que acreditam que a CoronaVac pode fornecer proteção suficiente contra Covid-19, avaliação que eles fizeram com base em suas experiências com outras vacinas e nos dados de estudos pré-clínicos com macacos.


A doutora em microbiologia Natalia Pasternak que não participou do estudo, comenta que o dado isoladamente não revela o potencial de proteção da vacina.


"O índice de anticorpos está menor do que a imunidade natural, mas temos que entender como eles fizeram esta comparação. Ainda não sabemos qual é o correlato de proteção. Ou seja, não sabemos a quantidade de anticorpos que é necessária para ter proteção", explica Natália Pasternak, pesquisadora da Universidade de São Paulo.


Terceira fase de testes


Atualmente, a CoronaVac está na terceira e última fase de testes, quando é avaliada em humanos. No Brasil, o grupo de voluntários é formado exclusivamente por cerca de 10 mil profissionais de saúde, mas a meta é ampliar a pesquisa para 13 mil voluntários, incluindo crianças e idosos. Até outubro, 15 mil vacinações já haviam sido aplicadas. Cada voluntário deve receber duas doses.


Etapas para a produção de uma vacina


Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1, 2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma resposta do sistema de defesa do corpo.


Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costumam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm realizado mais de uma etapa ao mesmo tempo.


Antes de começar os testes em humanos, as vacinas são testadas em animais – normalmente em camundongos e, depois, em macacos.

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