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quinta-feira, 1 de junho de 2017
ESTREIA–Aventura recria biografia de explorador britânico desaparecido no Brasil
Desaparecido na selva do Mato Grosso em 1925, o coronel britânico Percy Fawcett (1867-1925) está no centro de uma das maiores coleções de hipóteses e lendas sobre seu destino, que alimentaram muitas reportagens e livros não só no Brasil como em todo o mundo. Uma dessas obras, o livro de David Grann “The Lost City of Z” (2009), inspira o roteiro da aventura dramática “Z: A Cidade Perdida”, de James Gray.
Interpretado por Charlie Hunnam (“Rei Arthur: A Lenda da Espada”), o oficial e explorador é retratado como um respeitável militar dedicado a limpar o nome de sua família. Afinal, seu pai manchou a reputação do clã com uma vida de jogatina e episódios pouco respeitáveis. No longo prazo, isto prejudica as chances de seu filho obter medalhas à altura de bons serviços prestados à coroa britânica em missões no sudeste asiático.
Esta experiência em localidades exóticas é que vai, finalmente, propiciar uma virada na vida de Fawcett. Em 1906, ele é convencido pela Real Sociedade Geográfica a usar sua experiência como cartógrafo para mapear a até então desconhecida nascente do rio Verde, na Bolívia.
Dessa expedição, nasce a curiosidade pela cultura dos índios locais, cujos restos de antigos artefatos despertam em Fawcett a certeza de que o continente sul-americano abrigara antigas civilizações complexas, ainda desconhecidas (Machu Picchu, por exemplo, seria descoberta apenas em 1912).
Com fotografia refinada de Darius Khonji (“Seven – Os Sete Crimes Capitais”), o filme é capaz de evocar de forma visual intensa tanto a beleza natural da selva colombiana, onde ocorreram boa parte das filmagens, quanto seus incríveis perigos – como cobras, piranhas e feras.
Cria-se, assim, a moldura perfeita para que o público simpatize com o grupo de exploradores liderados por Fawcett em suas sucessivas expedições, com destaque para seu assistente Henry Costin (o melhor papel da carreira de Robert Pattinson).
Um outro acerto no filme de James Gray (em geral, com mão mais pesada em melodramas, em “Os Donos da Noite” e “Amantes”, mas não aqui) é dar suficiente peso na tela à vida familiar do protagonista.
Pai de três filhos, dois deles nascidos durante suas longas viagens, ele tem uma mulher independente, culta e desafiadora, Nina (Sienna Miller, ocupando com carisma a tela num papel que só à primeira vista parece coadjuvante).
Ao fazer esse contraponto, entre a esfera pessoal e suas aventuras arriscadas, o filme permite que um personagem complexo e carismático se apresente, contando com a interpretação sutil de Charlie Hunnam, fazendo sua transição mais decisiva para tornar-se um ator de primeira linha. No elenco destacam-se ainda Tom Holland, como seu filho mais velho, Jack, e o italiano Franco Nero, como um barão sul-americano.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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