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quinta-feira, 22 de junho de 2017
ESTREIA–Com Tom Hanks, “O Círculo” é suspense sobre tempos hiperconectados
O suspense/ficção científica “O Círculo” é um filme para os tempos atuais: hiperconectado, hiperativo e abordando uma companhia de internet que ameaça espalhar seus tentáculos de modo a tomar conta de todos os aspectos da vida das pessoas.
Partindo de um livro do também roteirista Dave Eggers, que assina este roteiro ao lado do cineasta James Ponsoldt, “O Círculo” começa promissor, dando a impressão de que vai colocar devidamente em discussão alguns dos aspectos mais assustadores da nossa vida já ultraconectada.
Ou seja, a superexposição, a ultravigilância, o fim da intimidade, as inúmeras possibilidades de os dados referentes às pessoas de todo o mundo caírem nas mãos de uma única empresa que se dedique a manipulá-los em proveito do próprio lucro.
A paranoia tem um rosto paternal e atende pelo nome de Eamon Bailey (Tom Hanks), um dos fundadores da companhia de internet O Círculo, ao lado de Tom Stenton (Patton Oswalt).
É justamente o jeito bonachão de Bailey que o torna tão irresistível, transformando suas palestras motivacionais na empresa que dirige em verdadeiros shows, estimulando os jovens funcionários a aderirem a uma rotina que, na verdade, não lhes permite qualquer discordância ou mesmo individualidade.
O “Grande Irmão” citado pelo escritor George Orwell em seu profético livro “1984” mora aqui, nesta empresa, em que os funcionários são levados a transformar sua presença nas mídias sociais em parte indissociável de seu trabalho.
Além disso, são sutilmente pressionados a passarem boa parte de seu tempo livre nas dependências da firma, em festas de confraternização no ambiente, que parece um campus universitário, coberto de gramados e lagos artificiais e em que a visão de drones é uma constante.
Cai neste universo uma novata, a jovem Mae Holland (Emma Watson), trazida pela amiga, Annie (Karen Gillan). Do dia para a noite, Mae troca uma vida opaca e de tédio num trabalho burocrático pela de alguém que sente que ganhou lugar num paraíso de oportunidades.
Ela acaba cooptada pelo chefão Bailey para tornar-se garota-propaganda de sua mais recente invenção: a câmera Seechange, que é de tamanho diminuto, pode ser colocada em todos os locais e permite o que Bailey chama de “transparência total”.
“Saber é bom mas saber tudo é melhor”, defende o chefe, que convence Mae a usar uma câmera dessas em tempo integral.
Justamente no segmento em que se manifesta o grande conflito de que a história teria que tratar com contornos mais dramáticos é que o filme falha fragorosamente. Mal-desenvolvida, a personagem de Emma Watson nunca convence em suas atitudes oscilantes, especialmente em relação aos pais (Glenne Headley e Bill Paxton) e ao antigo namorado e amigo, Mercer (Ellar Coltrane).
Igualmente abaixo de seu potencial é o personagem Ty (John Boyega), o programador que criou a ideia inicial da empresa cibernética e cujo aparecimento deveria deflagrar bem maiores tensões.
Sintetizando, “O Círculo” é o filme sobre o tema certo, o mais urgente para os dias atuais, mas passa longe de aprofundar os seus principais aspectos.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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