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quinta-feira, 18 de maio de 2017
ESTREIA–Nem Gerard Butler salva “Um Homem de Família” do excesso de chavões
Trabalho de estreia do diretor Mark Williams, “Um Homem de Família” parece temer deixar de fora algum dos inúmeros clichês que normalmente atolam dramas familiares e também os ambientados no ambiente corporativo. Williams simplesmente alinha todos, o que tira um pouco do charme do filme, com elenco liderado pelo escocês Gerard Butler.
Ele é Dane Jensen, um dos mais aguerridos head hunters de uma firma de Chicago. Encarna aquele tipo de executivo feroz, que invade o espaço alheio e não poupa nenhum esforço para fechar mais um contrato. O problema é que isso está consumindo todo o seu tempo, inclusive noites e fins de semana, tornando rara e difícil sua convivência com a mulher, Elise (Gretchen Mol), e três filhos ainda crianças.
Acostumado a interpretar heróis de filmes de ação, como “300” (2006) e “Invasão a Londres” (2016), Butler tira de letra este papel. Mas acontece que o roteiro, escrito por Bill Dubuque, empenha-se numa virada moral do protagonista, carregada de tantos lugares-comuns sobre a relação entre homens e mulheres que se parece estar num filme dos anos 1950. Dane é o protótipo do macho alfa e provedor, enquanto a mulher é o modelo de dona de casa que deixou tudo na vida para ser esposa e mãe e vive cobrando a conta.
Quando entra em cena a doença grave do filho mais velho, o menino Ryan (Max Jenkins), os chavões só pioram.
O foco está na divisão da energia de Dane entre concorrer a um cargo de chefia – tendo, para isso, que encarar dois tubarões corporativos, seu patrão, Ed (Willem Dafoe), e a colega concorrente, Lynn (Alison Brie) – e a necessidade de dedicar-se mais ao filho doente.
A humanização do workaholic é também promovida por um relacionamento extemporâneo – e que parece muito inverossímil - com um engenheiro desempregado de 59 anos (Alfred Molina). Super-qualificado mas tido como velho demais, Dane não consegue empregá-lo. Mas é este homem, sempre falando pelo telefone com ele, quem inverte a relação de poder e termina sendo um inesperado apoio à sua transformação. Como em qualquer filme de Hollywood, aos clichês somam-se as soluções quase mágicas.
Um ponto baixíssimo e preconceituoso nos diálogos acontece quando Ed diz que não se casa porque prefere a companhia de mulheres como “uma brasileira que cobra US$ 5.000”, vendo-se na tela, a seguir, a imagem de uma morena cuja profissão ninguém tem dificuldade de identificar.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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