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quinta-feira, 20 de outubro de 2016
ESTREIA-Suspense adulto, “A Nona Vida de Louis Drax”
Dois gêneros de narrativa colidem e se complementam em “A Nona Vida de Louis Drax”, assinado pelo diretor francês Alexandre Aja, que une a fantasia infantil e um suspense bastante adulto. Habituado ao terror (“Viagem Maldita”, “Piranha” e “Espelho do Medo”), o cineasta se arrisca nesta produção, baseada no livro homônimo de Liz Jensen.
Basicamente, há duas histórias que correm paralelas no filme. A primeira é a do próprio Louis Drax (Aiden Longworth) que, em coma, narra sua curiosa história de (curta) vida. Ele é, aparentemente, um azarado que aos 9 anos já passou por nove acidentes que poderiam matá-lo.
Quando cai de um penhasco, explicando que este acidente “terminará com todos os outros acidentes”, encerra suas “vidas” - em uma referência ao mito relacionado aos gatos (que no Brasil compreende apenas sete vidas, mas nos países de língua inglesa chega a nove). Em coma, o garoto passa a contar ao espectador sua visão da história, recheada de cinismo (sua língua é ferina) e fantasia (arvorada no além-túmulo).
Por outro lado, há o folhetim policial, referenciado no cinema noir, envolvendo a família, os detetives e o médico que o atende. O garoto não caiu do penhasco, foi jogado e todos suspeitam do pai (Aaron Paul), um sujeito violento e alcoolizado, que desapareceu.
Dado como morto, Louis ressuscita e entra num estado de coma permanente, quando é atendido pelo especialista Dr. Allan Pascal (Jamie Dornan) que passa a crer que há algo de sobrenatural ocorrendo ali. Fato também considerado pela atraente mãe do garoto Natalie (Sarah Gadon), que se torna par romântico do médico, para arrepio da detetive que investiga o caso (Molly Parker).
Seria o pai de Louis um criminoso? Natalie é uma manipuladora, que constrói fatos para despistar seus feitos? Ou Allan Pascal é um predador que usa seus pacientes para aliciar familiares em crise? O diretor Aja dá todas as pistas para decifrar o mistério, não nos diálogos, mas na paleta de cores e no jogo de câmeras que utiliza, com a ajuda do diretor de fotografia Maxime Alexandre (de “Silent Hill: revelação 3D”).
Pascal mergulha nos delírios da família Drax, ao contrário do que ocorre no livro, em que Jensen enfatiza uma análise mais racional por parte do personagem. Ao eliminar esta narrativa, Aja ruma direto para um desfecho fantástico, sem o paradoxo que se abre na literatura, antes do clímax.
Quem sobressai é o jovem ator Aiden Longworth (de “Hector e a Procura da Felicidade”), cuja expressividade e talento combinam com a alegria infantil e o cinismo do personagem, bem adaptado pelo roteirista (Max Minghella). Basta ver como desanca seu psicólogo Dr. Michael Perez (Oliver Platt), criando os momentos mais bem-humorados desta história.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)
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