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quinta-feira, 2 de junho de 2016
Comédia francesa “Tudo Sobre Vincent” traz super-herói diferente
“Tudo Sobre Vincent” é um filme sobre super-heróis com superpoderes, mas completamente diferente daquilo a que estamos acostumados. Vincent (interpretado pelo diretor Thomas Salvador) ganha uma força descomunal quando entra em contato com a água, por isso mesmo ele vive numa região cercada de lagos e rios. Aparentemente, não usa seu dom para nada, a não ser se divertir.
Quase sem amigos, ele trabalha em construções, onde eventualmente sua força é útil. Mas isso é um segredo.
Salvador –que assina o roteiro com Thomas Cheysson e Thomas Bidegain– usa toda a primeira parte do filme para apresentar o protagonista sem qualquer pressa. Acompanha-se o cotidiano de Vincent, suas idas ao lago, sua diversão e o trabalho. Até que ele conhece Lucie (Vimala Pons), por quem se apaixona, e fica em dúvida se revela ou não o seu segredo.
O filme passa um tempo considerável enamorado de Vincent e suas habilidades, primeiro apresentando-as, depois usando-as para se exibir para Lucie. É divertido porque tudo é inusitado quando ele testa o poder da água e suas forças. Curiosamente, nunca é mostrado como o personagem descobriu seus poderes – algo, que, aliás, parece um tanto recente.
Na reta final, há uma reviravolta, quando Vincent protege um amigo (Youssef Hajdi) com quem trabalha, e o protagonista é obrigado a fugir. Novamente, há momentos de humor, mas então prevalece um tom mais sério com o aumento da tensão, após a polícia também entrar em cena.
O tom cômico do filme se contamina pela leve melancolia de Vincent e sua condição peculiar –especialmente por não ser capaz de usá-la em prol de um bem maior (ou talvez nem saiba como fazê-lo). “Tudo sobre Vincent” brinca com suas inúmeras possibilidades, e, ao fim, questiona: uma pessoa com superpoderes é obrigada a ser altruísta? Deve o protagonista se expor ao mundo? O diretor, felizmente, não está interessado, em trazer respostas, apenas levantar questionamentos. Com isso, amplia as perguntas para todo mundo, não apenas os superdotados: qual o preço do altruísmo?
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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