O Rappa faz show no dia 1° de maio, às 23h na grande tenda do Pavilhão
do Porto, no 5° Festival América do Sul (FAS), que acontece de 30 de
abril a 4 de maio, em Corumbá.
CD "O silêncio q precede o esporro"
O Rappa volta a dizer a que veio, com seus sons superpostos,
tessituras eletrônicas, marcação pesada e letras de quem fala a língua
da comunidade. Visitando praias imprevistas como a bossa nova e o
samba ou acrescentando violinos, cellos e violas a seus arranjos, "O
silêncio q precede o esporro" é um cd no stop, onde uma faixa leva a
uma vinheta, a uma rica tessitura musical, marca registrada da banda
na estrada há dez anos. O Rappa mantém sua marca d'água impressa a
ferro e fogo na alma da juventude brasileira, pela sua pegada a todo
vapor e pelo seu reggae hardcore de alta voltagem.
Em "O silêncio q precede o esporro", O Rappa já sai batendo pesado com
"Reza Vela", uma música para falar da religiosidade e do brinquedo, da
reza e do balão. O que surge dessa alquimia é um São Jorge a jato,
turbinado, com potência de mil dragões. "O Salto" é uma canção quase
bíblica, onde o tom épico é realçado pelo arranjo de cordas para
violinos celestiais que cruzam com sinais eletrônicos lisérgicos que
faz você acreditar que a vida vai muito além da vã filosofia. "E
regaram as flores do deserto / e regaram as flores com chuvas de
insetos", diz o refrão profético. Ela ainda volta ao final do cd para
ficar bailando para sempre nos arquivos da memória.
"Linha Vermelha" é uma bossa nova made in Rio, século XXI. Falcão no
violão, fala na vida como ela é hoje em dia em nossas ruas e avenidas,
linhas vermelhas e amarelas, onde o tráfico manda fechar e abrir as
artérias da cidade ao bel prazer. Uma bossa novíssima onde "o
barquinho" naufragou diante da exclusão social que cultiva a
violência. Em "Óbvio", é preciosa a presença da rapper argentina
Malena D'Alessio, fazendo com O Rappa uma embolada inflamável, com a
língua nos dentes. O que vai dar o que falar desse "silêncio" é o
samba "Maneiras", onde O Rappa se encontra com o mestre da cadência da
alma nacional, Zeca Pagodinho. Um samba legal a nos cobrir com
carinho, mais um namoro do samba com a sensibilidade eletrônica da
juventude, onde a magia do canto, das divisões, da malemolência, se
encontra com a urgência de um rapper.
Bendito O Rappa e suas antenas para ir buscar na riquíssima música
brasileira, sucessos imortais e dar-lhes uma injeção de vitalidade.
Assim foi com "Vapor Barato". Assim é com "Deus lhe Pague". Essa obra
prima da fina ironia de Chico Buarque cai como uma luva no repertório,
com humor amargo, percepção trágica que só nos resta agradecer a Deus
e sair de fininho. Mas a voz que vara o cd como uma gargalhada cheia
de dentes é a de Waly Salomão, parceiro de vida, de toques, de ondas,
de chinfra de O Rappa de longa data. O poeta tinha um faro apurado
para a sofisticação do povo, do que é gerado nos morros, nas
periferias. Wally soube como outro poeta, Oswald de Andrade, que a
língua brasileira é formada "pela contribuição milionária de todos os
erros" e assim amou todas as gírias, todas as giras, e é amado com a
alma inteira de quem as cria.
"O silêncio q precede o esporro", é o grande caldeirão alquímico desse
início de milênio onde o "bater cabeça" é muito mais que um jeito
heavy metal de dançar. É também o sinal de respeito e a sintonia com o
que tem valor por todos os séculos dos séculos.
Festival
O 5º Festival América do Sul (FAS) acontece de 30 de abril a 4 de
maio, em Corumbá. Busca produzir ações concretas para a aceleração da
integração das nações sul-americanas promovendo um grande encontro que
revela a diversidade cultural no continente, além de discutir temas
relativos ao meio ambiente, à cultura, ao turismo e ao desenvolvimento
sustentável.
Divulgação de acontecimentos culturais, na cidade de Campo Grande MS, e Estado, shows,teatro,cinemas.
terça-feira, 22 de abril de 2008
O Rappa leva o heavy metal para o 5° Festival América do Sul
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