Cantora da dupla Beth e Betinha faleceu aos 80 anos e deixa legado histórico para a cultura sul-mato-grossense.
Morreu na noite de quarta-feira (17/12) em Campo Grande (MS) a cantora Eleonor Aparecida Ferreira dos Santos, conhecida artisticamente como Betinha, integrante da histórica dupla Beth e Betinha. A artista estava internada no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) em estado grave, após complicações causadas por anemia, com comprometimento das funções cardíacas e necessidade de suporte clínico intensivo.
Betinha iria completar 85 anos no dia 1 de janeiro. Nascida em Rio Brilhante em 01/01/1941, a sul-mato-grossense cumpriu mais de 60 anos de carreira na música em MS.
A morte da cantora gerou grande comoção no meio artístico e cultural de Mato Grosso do Sul, onde Betinha era reconhecida como uma das vozes mais importantes da música regional, símbolo de resistência, pioneirismo e identidade cultural.
Velório e cremação
O velório acontece nesta quinta-feira (19), a partir das 8h, na Capela Jardim das Palmeiras, localizada na Avenida Tamandaré, no Jardim Seminário, em Campo Grande. A cerimônia de cremação está marcada para as 16h, no Crematório Campo Grande.
Familiares informaram que interessados em enviar coroas de flores podem entrar em contato pelo telefone (67) 99982-7761.
Pioneirismo feminino na música sul-mato-grossense
Betinha formou, ao lado da irmã Josabeth Ferreira dos Santos (Beth), a primeira dupla feminina da história de Mato Grosso do Sul, abrindo espaço para mulheres na música sertaneja e regional em um período em que o cenário artístico era majoritariamente masculino.
As irmãs cresceram em um ambiente musical — o pai era maestro — e iniciaram a trajetória ainda crianças, cantando em rádios do Paraguai, muitas vezes em guarani, o que lhes rendeu o apelido carinhoso de “Princesinhas da Fronteira”. Já na década de 1950, se apresentavam em praças públicas, cinemas e salões paroquiais. O primeiro compacto foi gravado em 1959, marcando o início de uma carreira longa.
Ao longo de mais de seis décadas, Beth e Betinha gravaram mais de 200 músicas, entre composições próprias e versões, além de participações em projetos de outros artistas e apresentações que ajudaram a consolidar o sertanejo raiz e o rasqueado como expressões culturais do estado.
Reconhecimento e memória cultural
A relevância da dupla foi reconhecida em exposições, documentários e projetos culturais. Beth e Betinha foram homenageadas pelo Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS/MS) em mostras dedicadas às mulheres na música, e tiveram a trajetória retratada em produções audiovisuais que preservam sua história para novas gerações.
Depoimentos e comoção
Artistas regionais, pesquisadores da cultura popular e fãs usaram as redes sociais para lamentar a perda. Em nota, músicos sul-mato-grossenses destacaram que Betinha foi “uma referência que ensinou gerações a cantar a própria terra” e que sua voz “levou o nome de Mato Grosso do Sul para além das fronteiras”.
Representantes do setor cultural afirmaram que a cantora deixa um patrimônio imaterial inestimável, ressaltando que sua trajetória é exemplo de coragem, talento e preservação da identidade regional. Fãs também prestaram homenagens, lembrando apresentações em festas populares e programas de rádio que marcaram época.
“Ela não cantava apenas músicas, cantava histórias da nossa gente”, escreveu uma admiradora nas redes sociais.
Despedida de um ícone
A morte de Betinha encerra um capítulo fundamental da música sul-mato-grossense, mas seu legado permanece vivo nas canções, nas memórias afetivas do público e na inspiração deixada para artistas que continuam a defender a cultura regional.
Betinha se despede como viveu: referência, pioneira e símbolo da música da fronteira.

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