A inflação brasileira acelerou para 0,52% em dezembro e fechou o ano de 2024 com alta de 4,83%, acima do teto da meta. O preço dos alimentos foi o que mais pressionou o indicador e deve voltar a ser o vilão em 2025, segundo analistas. O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE.
Os números vieram em linha com a expectativa de analistas, que projetavam 0,54% em dezembro e 4,86% no ano. Em 2023, a inflação acumulada foi de 4,62%, depois de alta de 5,79% em 2022.
Com o resultado, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, deve apresentar hoje uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elencando as razões para a inflação ter ficado acima do teto da meta. Essa é a oitava vez que a meta é descumprida desde a criação do sistema de metas, em 1999.
O centro da meta para 2024 era 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%). A carta de Galípolo irá mencionar quais foram e quais serão as próximas medidas do BC para trazer o IPCA para a meta.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, condições climáticas adversas ao longo de 2024 no Brasil e no mundo, com cheias em alguns lugares e secas em outros, estão por trás da forte alta dos alimentos. Segundo analistas, a pressão deve permanecer em 2025.
O café moído foi o subitem que mais subiu entre os 377 acompanhados pelo IBGE, com avanço de 39,6% no ano, o que deixou o popular café com leite com sabor mais amargo. Carnes também pressionaram o indicador. O contrafilé subiu 20,06% no ano passado e também figura entre as maiores altas.
Os avanços dos grupos saúde e cuidados pessoais (6,09%) e transportes (3,3%) também foram significativos e ajudaram a puxar o IPCA para cima. Juntos, esses três grupos foram responsáveis por cerca de 65% da inflação de 2024
Considerando o impacto individual sobre o índice, a gasolina foi o que mais contribuiu para o aumento da inflação pelo segundo ano consecutivo. A alta em 2024 foi de 9,71%, com impacto de 0,48 ponto percentual sobre o IPCA.
Os maiores impactos não são necessariamente as maiores altas de preços, pois o peso de cada item na inflação varia conforme a cesta de produtos acompanhada pelo IBGE.
Veja a lista dos itens com maiores altas
Café: 39,6%
Cigarro: 23,94%
Contrafilé: 20,06%
Leite: 18,83%
Etanol:17,58%
Gasolina: 9,71%
Mensalidades do Ensino Fundamental: 8,86%
Serviços bancários: 8,03%
Planos de saúde: 7,87%
Lanches: 7,56%
Veja a lista dos itens com maiores quedas
Cebola: - 35,31%
Tomate: -25,86%
Passagem aérea: - 22,20%
Batata inglesa: - 12,53%
Pacote turístico: - 3,84%
Aparelho telefônico: - 2,20%
Automóvel usado: - 1,08%
Emplacamento e licença: - 1,01%
Energia residencial: -0,37%
Fonte: IBGE
Por
Mayra Castro— Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário