Levantamento preliminar realizado pela secretaria municipal de Planejamento, Receita e Administração (SEPRAD), nos primeiros dias de governo municipal, revela que o ex-prefeito Marcelo Iunes deixou uma conta muito alta para a atual gestão de Corumbá, que deve ultrapassar R$ 34 milhões em dívidas.
“A situação financeira que que estamos apurando é preocupante, e ainda estamos no quinto dia útil do governo”, comentou a secretária Camila Campos de Carvalho, titular da pasta, em nota divulgada pela assessoria de imprensa da prefeitura. Segundo ela, o resto a pagar vai comprometer o orçamento do exercício e obrigará uma redução drástica do custeio da máquina, incluindo corte de cargos.
E anunciou: “Vamos reduzir contratos e quantidade de imóveis locados, reunir secretárias em um mesmo espaço para economizar despesas com energia, água, internet, limpeza, enfim. Estamos com uma equipe trabalhando em cima de um planejamento estratégico, reduzindo despesas também de folha para que possamos voltar a investir na população”.
Esta situação calamitosa, segundo Camila Carvalho, vai exigir muita racionalidade por parte da administração. “Fizemos as exonerações dos cargos comissionados e também das funções de confiança. Estamos começando a nomear aos poucos, realmente em casos e cargos que necessitam de funções específicas”, disse.
AÇÕES DE GOVERNO
Até esta quarta-feira (8), a atual administração havia encontrado, em dívidas deixadas pela gestão passada, aproximadamente R$ 5 milhões relativos às despesas com a folha de pagamento; R$ 24 milhões, do parcelamento do Fundo de Previdência; R$ 3 milhões, em férias dos professores; R$ 1,2 milhão, da contratualização do Hospital de Caridade; e R$ 860 mil, do subsídio do transporte público.
“Além disso tudo, temos despesas que não foram empenhadas, as despesas que foram anuladas, de contratos de energia elétrica, água, aluguéis que ainda estamos finalizando os valores. Esse déficit que ficou vai impactar nas nossas ações de governo”, esclarece Camila.
Somente relativo ao pagamento de pessoal em dezembro, a gestão anterior quitou apenas a folha líquida. Os valores correspondentes aos empréstimos dos servidores descontados no salário não foram empenhados e transferidos aos bancos, assim como não foi deixado o total do dinheiro em caixa para honrar o compromisso.
ORÇAMENTO COMPROMETIDO
Outras obrigações de dezembro, como as despesas com INSS patronal, Fundo de Previdência Social dos Servidores Municipais de Corumbá (FUNPREV) e FGTS, também não têm recursos disponibilizados nas contas específicas para pagamento, segundo o relatório.
“É uma herança que a gente está recebendo e vamos ter que honrar comprometendo o orçamento da nova gestão”, explicou a secretária.
Camila detalhou também a situação do provisionamento de férias: “Os professores estão aguardando o valor de um terço de férias, eles saíram de férias e esse valor deveria ter sido empenhado e pago em dezembro. Mas, não foi”.
Ela adiantou que, por determinação do prefeito Gabriel Alves de Oliveira, a administração está empenhada em pagar o mais rápido possível os compromissos vencidos, porém enfrenta situações burocráticas no início do governo, como cadastramento de novas senhas e novos ordenadores junto ao Tribunal de Contas, na Receita Federal e bancos.
FUNPREV
Foi aprovado pela Câmara de Vereadores, no final do ano, o parcelamento dos valores do FUNPREV patronal e do aporte referente a setembro, outubro, novembro e dezembro. E o patronal de novembro e décimo terceiro salário. Foram quase R$ 17 milhões parcelados, em cinco anos.
“Tem ainda o parcelamento em andamento, feito no início de 2024, referente ao ano de 2023. No total que levantamos o montante da dívida chega a aproximadamente R$ 24 milhões. Isso sem contar os juros e multas”, explicou a secretaria.
Segundo Camila, o valor liquido mensal das parcelas chegará a R$ 1 milhão durante os quatro anos da gestão. “É um dinheiro que deveria ir para a saúde, para a infraestrutura, educação”, apontou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário