quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Contato com a literatura é essencial para o desenvolvimento infantil

 

                                             Foto: Divulgação


Livros auxiliam a lidar com questões emocionais e aprimoram o raciocínio


A frase "o cérebro é uma esponja" é comumente dita no intuito de estimular o acesso frequente a novos conhecimentos. Essa sentença assume uma relevância considerável quando explorada na relação entre a literatura e o desenvolvimento infantil. De acordo com especialistas, a flexibilidade cerebral tende a diminuir com o avanço da idade. Após os 11 anos, embora as crianças continuem a aprender, essa capacidade não ocorre com o potencial observado na infância. É nessa fase, caracterizada pela máxima absorção de conteúdo, que se desenha uma significativa janela de oportunidade para enriquecer o conhecimento infantil.


Proporcionar às crianças acesso à leitura não apenas alimenta suas mentes, mas também desempenha um papel crucial em seu desenvolvimento emocional. A crescente produção de livros que abordam temas densos e relevantes de maneira sensível oferece às crianças uma ferramenta valiosa para compreender e lidar com dificuldades, sentimentos complexos e outras questões pertinentes. Ao se envolverem com narrativas que exploram personagens enfrentando desafios semelhantes aos que podem encontrar na realidade, elas desenvolvem habilidades emocionais e estratégias de enfrentamento.


A jornalista Luciene de Oliveira conta que sentiu esse impacto na chegada de seu segundo filho. “Quando estava grávida, comecei a pensar em como meu filho mais velho estava enxergando a situação, o que estava sentindo e qual tipo de amparo poderia precisar nesse momento”, explica. Esse cenário foi a motivação para que ela escrevesse um livro, cuja trama aborda a experiência de Tereza, que, sendo filha única, enfrenta a notícia da iminente chegada de um irmão.


“Pensei no livro como um recurso para pais e educadores discutirem mudanças familiares com os pequenos”, acrescenta Luciene. Ela esclarece que pôde conversar com seu filho mais velho, que se sentiu mais seguro em conversar sobre, após entender as emoções que vivenciava. A autora pontua que pretende desenvolver mais projetos, uma vez que o acesso a literatura foi eficaz na situação.


Além do auxílio psicológico, a exposição a narrativas e textos variados estimula áreas cruciais do cérebro responsáveis pelo processamento da linguagem, imaginação e compreensão emocional. A leitura regular contribui para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, incluindo o aumento do vocabulário, aprimoramento da compreensão textual e o fortalecimento da capacidade de raciocínio lógico. Vale ressaltar que a interação com histórias diversificadas e complexas nutre a absorção cerebral característica da infância, promovendo conexões neurais fundamentais para a aprendizagem e o pensamento crítico.


O papel dos pais e do ambiente educacional é fundamental nesse contexto. Quando a família cultiva o hábito da leitura desde cedo, está não apenas estimulando o desenvolvimento cognitivo de seus filhos, mas também fortalecendo os laços afetivos por meio da interação compartilhada durante a leitura conjunta. A escola desempenha um papel crucial ao criar uma atmosfera que valoriza e promove o prazer da leitura. Instituições educacionais têm a responsabilidade de oferecer uma variedade de livros, fomentar programas de leitura e incentivar atividades que estimulem o interesse pelos livros.

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