"Repudio também a maneira como Roberto Jefferson se referiu à senhora ministra Cármen Lúcia. Nenhuma mulher deve ser tratada desta maneira”.
Terra
Algumas horas após o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) receber a tiros de fuzil e uma granada agentes da Polícia Federal que cumpriam mandado de prisão e mais tarde se entregar às autoridades, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a posturas adotadas por ele em eventos recentes.
Em sabatina à RecordTV, Bolsonaro chamou Jefferson de “criminoso” e “bandido”, repudiou os ataques feitos por ele dois dias atrás à ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), e usou o caso para criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, a quem chamou de “fujão” por não comparecer a debate.
“Tão logo tomei conhecimento, foi feito contato com o ministro da Justiça, que é um delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, para que ele acompanhasse o caso, se deslocasse para perto do episódio, como ele foi, e disse a ele: ‘o tratamento dispensado ao senhor Roberto Jefferson deveria ser o de bandido, porque quem atira em policial bandido é’”, disse no domingo (23).
Inicialmente, estava programado um debate entre os candidatos à Presidência da República, mas Lula, como já havia ocorrido em debate organizado por um pool de veículos de imprensa na última sexta-feira (21), declinou do convite sob alegação de conflitos de agenda. Com isso, Bolsonaro foi entrevistado por jornalistas da emissora de televisão por cerca de 1 hora.
Roberto Jefferson foi o responsável por tornar público o escândalo do mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar ocorrido no governo Lula, pelo qual o ex-deputado foi condenado e preso por três anos.
Em agosto do ano passado, Jefferson voltou a ser preso, no âmbito do inquérito das milícias digitais, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, após dar declarações antidemocráticas e ameaças a ministros da corte. Ele foi transferido para prisão domiciliar no início de 2022, por problemas de saúde enfrentados, mas estava proibido de comunicação exterior e uso de redes sociais e precisava usar tornozeleira eletrônica.
Nestas eleições, Roberto Jefferson, que é presidente nacional do PTB, chegou a se lançar candidato à Presidência da República, mas teve o pedido de registro negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Com isso, Padre Kelmon foi lançado pelo partido para disputa. O candidato recebeu 81.129 votos no primeiro turno – o equivalente a 0,07% dos votos válidos.
Na última sexta-feira (21), Roberto Jefferson não apenas desrespeitou norma que o impedia de comunicações externas como fez duras ofensas à ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), por discordar de voto dado no TSE em ação envolvendo a conduta de alguns veículos de imprensa nesta eleição presidencial.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Jefferson chamou a magistrada de “bruxa de Blair” e a compara a uma prostituta. O gesto suscitou em pedidos pela revogação do benefício da prisão domiciliar, que foi acatado e a prisão do político foi decretada.
“Repudio também a maneira como Roberto Jefferson se referiu à senhora ministra Cármen Lúcia. Nenhuma mulher deve ser tratada desta maneira”, disse Bolsonaro na sabatina deste domingo.
Durante a entrevista ao grupo Record, o candidato à reeleição também tentou utilizar o episódio para comparar suas posições às de Lula, seu adversário no segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto.
“Nós somos vítimas do crime de ódio das pessoas, e não o contrário, como o fujão aqui deixa transparecer e me ataca de forma caluniosa. Nós não passamos pano para ninguém. Diferentemente de Lula, que, quando Roberto Jefferson delatou o mensalão, delatou, inclusive, José Dirceu, Lula simplesmente passou pano para tudo isso”, afirmou.
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