sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Setor supermercadista cresceu 9% em 2020 e projeta ampliar resultados

 

Retorno do auxílio emergencial e vacinação contra a Covid-19 devem influenciar no crescimento do segmento em 2021


Súzan Benites

O setor supermercadista registrou crescimento de 9,36% nas vendas em 2020, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). 


Em Mato Grosso do Sul, a entidade que representa o segmento aponta que o resultado acompanhou o nacional. 


Para este ano, segundo a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas), a projeção é mais tímida e a retomada deve ocorrer principalmente no segundo semestre.  


“Acreditamos que o nosso crescimento foi muito parecido com a média nacional. Tivemos grande impacto com a recessão, o aumento de preços e a falta de estoque em muitas ocasiões. Enfrentamos algumas dificuldades em abastecer as lojas também, o ano foi difícil”, explica o presidente da Amas, Edmilson Veratti.  


De acordo com o índice nacional de vendas da Abras, a alta real de 9,36% de janeiro a dezembro (descontando a inflação oficial de 4,52%) deu-se principalmente pelo comportamento do consumidor.


“Por ser atividade essencial e vender itens de primeira necessidade, o setor supermercadista foi bem impactado pela pandemia da Covid-19. Em razão das medidas de isolamento social, os brasileiros precisaram mudar seus hábitos, contribuindo com o aumento do consumo dentro do lar. 


Além disso, os estímulos concedidos pelo governo federal, como o auxílio emergencial, injetaram bilhões na economia, e boa parte desse montante foi gasta no setor”, explicou o vice-presidente da Abras, Márcio Milan, durante coletiva virtual.



Segundo a entidade estadual, a movimentação mensal no segmento é de R$ 480 milhões em Mato Grosso do Sul.


2021

Para este ano, a Abras projeta crescimento de 4,5% no setor. Veratti acredita que os resultados positivos ainda dependem de muitas variáveis para serem registrados em 2021.  


“A gente acredita que o primeiro semestre vai ser de baixo crescimento, mas depende também da volta do auxílio emergencial, que deve impactar na renda das pessoas e nas vendas para o setor. Para o segundo semestre, a expectativa é voltar a crescer e ter uma retomada de fato”, analisa o presidente da Amas.


Outro fator que deve impactar na retomada da ascensão é o avanço da vacinação.


“Estamos otimistas com o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil e com a condução da agenda econômica administrada pelo ministro [da Economia] Paulo Guedes, com foco na redução de gastos públicos e na viabilização das importantes reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, de que tanto dependem a retomada e o crescimento da nossa economia”, destaca Milan.


INFLAÇÃO

Ainda segundo o indicador do setor, as vendas de dezembro avançaram 18,13% em relação a novembro, e, quando comparadas ao mesmo período de 2019, o crescimento foi de 11,54%.


A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, acredita que o fim do ano estimulou mais as pessoas a consumir.


“Em termos de volume, faz sentido por causa daquela trajetória de alteração de comportamento das pessoas. E também no fim do ano a gente percebeu isso, porque as pessoas estavam mais em casa e ainda existem os que continuam em home office. 


A alimentação e a higiene, por exemplo, tiveram esse aumento de demanda diferenciado. Eu acredito no aumento de volume, mas principalmente em termos de receita nominal, quando a gente desconsidera a inflação”, explica e complementa.  


“A inflação pode, sim, ter contribuído com o aumento do volume comercializado, mas em termos reais a gente pode ter tido esse aumento dado o comportamento das pessoas. E essa alteração de comportamento tem prevalecido”, conclui Daniela.


Para o presidente da Amas, a inflação oficial em 2020 não representa a realidade do setor de alimentos. 


A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta aumento dos produtos e alimentos em Campo Grande nos últimos oito meses. 


No acumulado de 2020, a inflação da Capital foi a 6,85%. Em dezembro, a taxa foi de 1,51%, e, em janeiro, o índice foi de 0,53%.


“Isso derrubou um pouco o crescimento do setor. Por exemplo, o arroz dobrou de preço, e a gente pode até ter vendido mais em valor, mas não em volume, porque os preços subiram demais. Em um mês o arroz custava R$ 12 e depois R$ 24, o óleo de soja saiu de R$ 2,99 para R$ 7, então foi um ano difícil”, considera Veratti.  


O vice-presidente da Abras também considera que 2020 foi um ano de desafios para o setor. 


“Mesmo com os números positivos, o ano passado foi desafiador para o setor supermercadista, que viu seu custo operacional subir por conta da alta do dólar, da inflação e da reestruturação das lojas para garantir os protocolos de segurança de colaboradores e clientes”, completou Milan.


De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no acumulado de 2020 a cesta básica de Campo Grande registrou alta de 28,08%. 


O principal produto que puxou a elevação de preços no ano foi o óleo de soja, que subiu 108,71%, seguido do arroz, que registrou alta de 85,09%, e da batata, com aumento de 83,08%.

Com informação do Portal Correio do Estado

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