sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Campo Grande receberá R$ 864 mil para combater sarampo



RAFAEL RIBEIRO

O Ministério da Saúde anunciou a liberação de cerca de R$ 864 mil para a Prefeitura de Campo Grande promover ações de ampliação da cobertura vacinal, controle de surtos e interrupção da transmissão da doença na cidade.

A informação foi divulgada por meio do Diário Oficial da União. A portaria, assinada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, autorizou a liberação de R$ 206 milhões para todas as cidades do País. Os 79 municípios de Mato Grosso do Sul foram contemplados.

Segundo o Ministério da Saúde, para serem beneficiados com o reforço financeiro, os municípios precisam cumprir duas metas: alcançar 95% de cobertura vacinal, da primeira dose da tríplice viral, que previne sarampo, rubéola e caxumba, em crianças de 12 meses de idade; e informar o estoque das vacinas de poliomielite, tríplice e pentavalente às Secretarias de Saúde dos Estados e ao Ministério da Saúde.

"É importante destacar que para alcançar as metas, os estados e municípios devem ampliar e garantir o acesso às ações de vacinação nos serviços da Atenção Primária à Saúde, a partir da implantação dos dez passos essenciais para vacinação, lançado na semana passada pela Pasta", diz o texto.

O Ministério da Saúde destaca que é importante sejam registrados os dados de aplicação de vacinas e de outros imunobiológicos nas Unidades de Atenção Primária à Saúde, no PEC (Prontuário Eletrônico do Cidadão), na CDS (Coleta de Dados Simplificada) ou nos sistemas próprios ou de terceiros devidamente integrados ao SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica).

Além de registrar, também, os seguintes dados: movimentação de imunobiológicos nas salas de vacinas; eventos adversos pós-vacinação; e monitoramento rápido de coberturas vacinais no SIPNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações).

BÔNUS

Durante lançamento da campanha nacional de vacinação, no último dia 7, em Campo Grande, o ministro Mandetta anunciou que sua Pasta concederá um bônus aos municípios que atingirem as metas de imunização estabelecidas.

O valor é visto como um incentivo pelo ministro, um dinheiro pago além da verba normal e das doses das vacinas repassada às prefeituras. No caso da Capital, por exemplo, o cumprimento da meta renderá cerca de R$ 1 milhão em bônus.

Segundo Mandetta, caso a vacinação atinga 100% da meta estabelecida, o município ganhará uma verba extra de R$ 1 por habitante, além de uma bonificação, cujo valor ainda será definido pelo Governo Federal.

Caso a imunização atinja entre 95% e 99,9% da meta, o prêmio de R$ 1 por habitante é mantido. O valor só cai pela metade, cerca de R$ 0,50 por munícope, caso a vacinação atinja entre 90% e 94,9% do índice planejado.

Segundo a assessoria do ministério, foram disponibilizados R$ 206 milhões para pagamento dos bônus aos municípios que cumprirem as duas metas estabelecidas. “Para receber esse recurso adicional, os gestores terão que informar mensalmente o estoque das vacinas poliomielite, tríplice viral e pentavalente e atingir 95% de cobertura vacinal contra o sarampo em crianças de 1 a 5 anos de idade com a primeira dose da vacina tríplice viral”, disse.

Dois grupos de pessoas estão no alvo da nova campanha. O primeiro grupo é formado por crianças de seis meses até menores de 5 anos, cuja a vacinação vai desta segunda-feira até 25 de outubro, com o Dia D no dia 19.

O segundo grupo, com faixa etária de 20 a 29 anos e que não estão com a caderneta de imunização em dia, a vacinação está prevista para iniciar no dia 18 de novembro. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 2,6 milhões de crianças na faixa prioritária e 13,6 milhões adultos. Para isso, a pasta garantiu a maior compra de vacinas contra o sarampo dos últimos 10 anos. Ao todo, 60,2 milhões de doses da tríplice viral foram adquiridas para garantir o combate à doença nos municípios.

Desde o início do ano, a Pasta afirma que distribuiu 25,5 milhões de doses da vacina tríplice viral para garantir a todos os estados a vacinação de rotina, as ações de interrupção da transmissão do vírus e a dose extra chamada de dose zero a todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias.

No total, o objetivo do Governo Federal é vacinar aproximadamente 39,9 milhões de pessoas, 20% da população, que hoje estão sem imunização contra o sarampo. Apesar da faixa etária de 20 a 29 anos concentrar a maior parte desses brasileiros (35%), são os menores de 5 anos o grupo mais suscetível para complicações da doença.

ESCOLAS

Entre outras medidas para conter o surto do sarampo (doença que causa complicações como cegueira e infecções generalizadas, além da morte), Mandetta diz que a Pasta avalia outras ações. Uma delas é um encontro com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, onde o responsável pela Saúde diz que irá propor a ideia de obrigar pais e responsáveis a apresentarem a caderneta de vacinação como documento para matricularem seus filhos na rede pública de ensino.

Ainda de acordo com Mandetta, caso a vacinação da criança não esteja em dia, o Conselho Tutelar deverá ser acionado. "O objetivo não é exlcuir da escola, mas para checar e caso não esteja completo, o Conselho Tutelar porienta a família", disse.

Segundo o ministro, os conselheiros tutelares estão sendo orientados a checarem sempre que possível a carteira de vacinação das crianças, até como forma de responsabilizar os pais caso a imunização não estar em dia.

"Os conselheiros precisam ver aquelas (crianças) que não tiverem com a vacinação em dia, para que percebam que é indício de negligência e violência contra a criança. É direito da criança (ser vacinada) e ela nao tem condições de ir ao posto sozinha. É responsabilidade dos pais olharem a carteira e acompanharem a vacinação dos filhos", disse Mandetta.

O ministro também minizou movimentos contrários à vacinação, como corrente de pais que são contra a imunização forçada de seus filhos e subiu o tom ao comentar o assunto. "Essa corrente de ignorência já foi pacificada pelo Judicário (o Supremo Tribunal Fedral obrigou a imunização de crianças, em agosto). No caso da criança contrair as doenças (possíveis de serm evitadas cpm a vacinação) os pais têm de responder civil e criminalmente", completou.

DADOS

De janeiro até aqui, Mato Grosso do Sul tem dois casos confirmados de sarampo, sendo um homem 52 anos, morador de Três Lagoas, que viajou para Jundiaí, onde apresentou os primeiros sintomas, e um bebê de 10 meses, que foi diagnosticada após testes realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela viajou para o estado de São Paulo, em agosto, e quando na volta para Campo Grande começou a apresentar os sintomas.

No ano, foram notificados 68 casos suspeitos da doença no Estado, sendo dois confirmados, 31 descartados e 35 que continuam em investigação. Conforme a SES, não há circulação do vírus em Mato Grosso do Sul.

Atualmente há 27 casos da doença notificados na Capital, sendo 22 descartados, um confirmado e quatro em investigação.

Nos últimos 90 dias, o Brasil registrou 5.404 casos confirmados de sarampo. Dos casos confirmados nesse período, 97% (5.228) estão concentrados em 173 municípios do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana. Os outros 176 casos foram registrados em 18 estados (RJ, MG, MA, PR, PI, SC, RS, CE, MS, PB, PE, PA, DF, RN, ES, GO, BA E SE). Os dados estão no novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta sexta-feira (4).

Foram confirmados seis óbitos por sarampo no Brasil, sendo cinco em São Paulo e um em Pernambuco. Quatro óbitos ocorreram em menores de 1 ano de idade e dois em adultos com 31 e 42 anos.

DIA D

Neste sábado (19), acontece o Dia D da primeira fase da campanha nacional de vacinação contra o sarampo de 2019, com concentração a partir de 8 horas na Unidade de Saúde da Família (USF) Dom Antônio Barbosa.  O objetivo é imunizar o maior número de crianças de 6 meses a 5 anos incompletos.

No Dia D, as salas de vacinação de todas as unidades básicas de saúde, exceto as dos bairros Maria Aparecida Pedrossian e Alves Pereira, que encontram-se em reforma, estarão funcionando das 7 às 17 horas, sem intervalo.

A vacinação contra a doença já acontece há mais de dois mês no Município, nas crianças com idades entre seis meses a menores de um ano que, como forma de proteção do surto que acontece em vários estados do País, devem tomar a dose zero.

Os pais  ou responsáveis pelas crianças com menos de cinco anos e que não sabem confirmar se possuem ou não a segunda dose da vacina, devem ir até uma unidade de saúde básica ou da família da cidade com o cartão de vacinação nas mãos para confirmar a necessidade de uma revacinação.

Em uma segunda etapa, essa para pessoas entre 20 e 29 anos de idade, a imunização acontece entre 18 e 30 de novembro, sendo o último dia definido como a principal data para essa faixa etária.

As crianças entre seis meses e menores de um ano continuarão sendo imunizadas, conforme orientação do Ministério da Saúde e respeitando os locais referenciados para cada faixa de idade.


Além da vacinação contra o sarampo, as crianças que estiverem com doses pendentes e que os pais levaram o cartão de vacinação, terão a vacinação regularizada.

A cobertura vacinal do município de Campo Grande em relação a tríplice viral (que previne os vírus da caxumba, sarampo e rubéola) é de 102%, ou seja, superior a meta de 95% preconizada pelo Ministério da Saúde, o equivalente a 7.044 pessoas. Isso significa que além de atender toda a população prevista no município, ainda houve vacinação de residentes em outras localidades.

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