Aecio Neves e Michel Temer em maio de 2016 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Comunicado assinado por Mario Covas Neto, do diretório paulistano da sigla, diz que encontros do senador com o presidente causam 'desconforto e embaraços'
Uma nota na qual o diretório do PSDB paulistano critica o encontro entre o senador Aécio Neves (MG) e o presidente Michel Temer, que aconteceu na sexta-feira, abriu uma nova crise no partido. A nota emitida neste domingo pelo vereador Mario Covas Neto, presidente do diretório municipal da sigla, afirmou que a presença de Aécio em reuniões com Temer causava “desconforto e embaraços”. “Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, escreveu. No texto, o vereador afirmou que o único que pode falar em nome da sigla é o presidente em exercício, o senador Tasso Jereissati (CE).
O movimento do vereador não encontrou respaldo entre outras lideranças tucanas. Procurado pelo jornal O Estado de S.Paulo, Pedro Tobias, presidente estadual da sigla, defendeu que Aécio tem o direto de participar de encontros com Temer como senador e cidadão. “Acho lamentável”, disse Tobias, sobre a nota do diretório municipal. “Aécio foi sem representar o partido, já que está afastado. Ainda não foi condenado, é senador da República”, argumentou.
José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, considerou a nota “uma coisa totalmente fora de propósito”. “Quem fala em nome do PSDB somos todos nós, qualquer coisa diferente disso é censura. O Aécio é senador por Minas e se reuniu com o presidente para tratar da Cemig”, afirmou. Ainda sobre a nota, Aníbal reiterou: “o PSDB não pode conviver com esse tipo de censura”.
Em nota, Aécio Neves disse ter tratado de interesses da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) no último encontro com Temer, na sexta. “O PSDB tem responsabilidade para com a estabilidade política e a recuperação econômica do país, o que torna natural que lideranças do partido tenham conversas com o presidente e membros do governo”, diz o texto.
A nota de Aécio afirma que as questões internas do PSDB são travadas internamente, “sem qualquer participação do governo ou do presidente”.
Mário Covas Neto também passou a ser alvo de ataques do diretório do PSDB de Minas. “É muita infelicidade o vereador entrar em um assunto que ele desconhece e que é de importância para os mineiros”, disse o presidente do diretório, deputado federal Domingos Sávio.
Sávio também divulgou nota em que sugere que o vereador seja uma figura pouco expressiva dentro do partido. “Ele, que já foi alvo de acusações extremamente graves, que espero sejam injustas, devia ter aprendido que cabe a quem acusa ônus da prova”, escreveu o deputado, sem citar o caso em questão.
(Com Estadão Conteúdo)
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