segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O futuro das obras olímpicas com o fim da Rio-2016


Exame                               Foto:Renato Sette Camara/Prefeitura do RJ

Há sete anos, quando o Rio de Janeiro (RJ) foi escolhido para ser sede da Olimpíada de 2016, o governo não poupou esforços em alardear uma série de promessas de melhorias de infraestrutura para a cidade maravilhosa.

Do orçamento preliminar que já supera os 39 bilhões de reais, mais da metade foi repassado em projetos de melhorias na infraestrutura do município e à construção de ginásios e arenas.

Mas qual será o legado deixado pelo evento agora que a tocha olímpica foi apagada?

A prefeitura do Rio de Janeiro garante que não irá deixar que as construções das Olimpíadas virem elefantes brancos – a exemplo do que aconteceu com alguns estádios da Copa do Mundo. Pelo menos no papel, a intenção é transformar as instalações em escolas, centros de treinamento e de lazer.

O Complexo de Deodoro, por exemplo, deve funcionar como um parque de esportes radicais que será aberto ao público. Já a Marina da Glória, antes restrita aos donos de barcos, ficará aberta para a população e terá lojas, restaurantes, cursos de mergulho e bicicletários.

A Rio-2016, porém, crava o fim dos orçamentos generosos e grandes obras para as cidades-sede dos Jogos. A partir de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (COI) vai mudar a lógica da organização: as cidades não vão se adaptar às necessidades do megaevento.

“Aquelas que quiserem se envolver com os Jogos que se planejem, se aperfeiçoem e se apresentem, mas já organizadas”, afirmou o pesquisador do COI Lamartine da Costa, em entrevista exclusiva a EXAME.com. “Essa história de ter grande evento para organizar a cidade, o Rio de Janeiro é o último. Não vai acontecer mais”.

Apesar da boa recepção do público e dos investimentos em obras para a cidade, a impressão do urbanista Fernando Luiz Lara, que é professor da Universidade do Texas em Austin, é que o Rio desperdiçou uma grande oportunidade. “Esse tipo de evento serve para pensar na cidade, mas não foi o que aconteceu”, diz.

A falta dessa perspectiva, na visão dele, elevou a desigualdade social entre os bairros. . “O Rio precisa de um metrô na Zona Norte, onde o fluxo de pessoas é maior”, afirma. “O Parque Olímpico também deveria ter sido construído por lá. Esse era o momento de agregar valor em uma área degradada. Foi uma oportunidade perdida”.

O pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Maurício Rodrigues, discorda. “Tanto as instalações esportivas como a infraestrutura do transporte já são patrimônios positivos para a cidade”, diz. “Tudo está acontecendo da forma como deveria acontecer. Agora, é preciso entregar legados maravilhosos também” — cujo plano, segundo ele, ainda não está claro.

Veja o que deve acontecer com as instalações olímpicas após os Jogos.

Arena Carioca 1
Sede das disputas de basquete nos Jogos, a Arena Carioca 1 será destinada à promoção de shows, feiras, exposições e disputas ao esporte de alto rendimento.

Dos 16 mil lugares, somente 7,5 mil serão mantidos.

Arena Carioca 2
O estádio coberto, que recebeu os atletas de Judô, Luta Greco-Romana, Luta Livre e Bocha Paralímpica, terá suas arquibancadas temporárias desmontadas e será transformado em um local de treinamento para atletas de alto rendimento de nove modalidades: levantamento de peso, judô, lutas, badminton, esgrima, ginástica rítmica, ginástica de trampolim e tênis de mesa.

Vestiários, salas para treinadores e uma loja de material esportivo serão construídos no local após o evento.

Arena Carioca 3
A arena foi palco das competições de taekwondo e esgrima. No futuro, a instalação será transformada em um Ginásio Experimental Olímpico (GEO) - uma escola vocacionada para o esporte com capacidade para receber mil alunos.

De acordo com a Prefeitura, o local terá 24 salas de aula, laboratórios de Ciências e Mídias e duas salas multiuso. Além disso, o ginásio deve receber jovens inscritos em programas sociais que queiram praticar badminton, judô, luta livre, tênis de mesa, tiro com arco, handebol, futsal, basquete, vôlei, ginástica artística e musculação.

Centro de Tênis
A estrutura de 16 quadras será reduzida, mas deve receber atletas de alto rendimento, torneios internacionais, alunos de escolas de tênis de projetos sociais e eventos em geral.

Velódromo
Casa das provas de ciclismo, o Velódromo será utilizado como local de treinamento de ciclistas de todo o país. O ginásio também sediará competições internacionais, eventos e terá até 740 alunos por mês ligados a projetos sociais de iniciação esportiva.

Arena do Futuro
Sede do handebol, a Arena do Futuro será desmontada por completo após o evento. A estrutura, porém, será transformada em quatro escolas públicas na região de Jacarepaguá e São Cristóvão, cada uma com capacidade para 500 estudantes.

Estádio Aquático
Após a Rio-2016, o estádio será dividido. A estrutura aquática terá uma piscina olímpica coberta de 50 metros e arquibancada com capacidade para 6 mil pessoas, e outra piscina com arquibancada para 3 mil visitantes.

Parque Aquático Maria Lenk
O Centro Aquático Maria Lenk – erguido para o Pan de 2007 – permanecerá com as duas piscinas e plataformas de saltos para atletas de alto rendimento.

Contudo, ele será ampliado com a oferta de vagas para cerca de 800 jovens de projetos sociais que poderão praticar quatro modalidades: natação, polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais.

Segundo a prefeitura, a instalação permanecerá sediando competições nacionais e internacionais, como ocorre desde a sua fundação.

Arena Rio
Palco das modalidades da ginástica olímpica, e legado dos Jogos Pan-americanos de 2007, a Arena do Rio permanecerá recebendo shows e eventos esportivos.

Pista de BMX
A pista de 400m de extensão – com amplas curvas e rampas – permanecerá intacta após a Olimpíada. No terreno ao lado serão instaladas quadras poliesportivas.

Circuito de Canoagem Slalom
O estádio, que conta com mais de 25 milhões de litros de água, terá os obstáculos retirados e se tornará uma grande piscina que poderá ser utilizada por atletas de alto rendimento.

Marina da Glória
A marina, antes restrita aos donos de barcos, será aberta para a população. No espaço, haverá lojas, restaurantes, cursos de mergulho e vela, área de convivência para marinheiros e bicicletários.

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