O Museu Lasar Segall reabriu hoje com a apresentação de seu acervo em uma exposição com 80 obras do artista. A instituição, localizada na zona sul da capital paulista, ficou um ano e meio em reforma. A mostra traça um panorama da carreira do pintor e gravurista, com enfoque na produção feita no Brasil.
Apesar de ter morrido (1957) com nacionalidade brasileira, Segall nasceu na Lituânia e se formou na Alemanha. “Ele chegou em uma situação muito diferente da que estava vivendo na Europa em um período de guerra. O risco que corria era ser judeu no país dominado pelo nazismo. E aqui ele encontrou uma fartura”, explica a museóloga Pierina Camargo sobre o deslumbramento que o artista tinha com as cores e o modo de vida brasileiros.
Um dos grandes interesses do pintor, que veio ao país pela primeira vez em 1913 e fixou residência a partir de 1923, eram os traços dos descendentes de africanos. “Ele ficou muito encantado com as figuras. Quando ele ia à fazenda da Dona Olívia Guedes Penteado, pedia para os negros posarem para ele”, ressalta Pierina.
Mesmo apaixonado pelas cores e formas do país tropical, Pierina acredita que Segall nunca perdeu o olhar humanista. “Da tristeza humana, das desventuras, dos imigrantes e das prostitutas. Mas logo nesses primeiros quatro anos [no Brasil], entre 1924 e 1928, mostra a fascinação pela cor, pela vegetação e pelos negros”.
Toda a exposição tem explicações do próprio artista, detalhes sobre sua vida e obra. “Nos anos 50, a pedido do Pietro Maria Bardi, que queria fazer um livro sobre ele, Segall escreveu um texto chamado Minhas Recordações”, conta Pierina. São extratos dessas memórias que ajudam a compor a mostra.
A reforma não fez mudanças aparentes no museu, construído na casa onde Segall viveu e produziu. Foram feitos reparos importantes no telhado e na instalação elétrica. “Hoje, nós estamos muito mais seguros do que éramos e temos muito maiores condições de expor e atender bem ao visitante”, enfatizou a museóloga.
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