quinta-feira, 20 de junho de 2024

Dólar abre em queda após decisão unânime do Copom sobre Selic

 

                                            Fachada do BC. - Gabriela Biló/Folhapress


O dólar abriu em queda nesta quinta-feira (20), após o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), ter decidido por unanimidade manter a taxa básica de juros do Brasil (Selic) no atual patamar de 10,50% ao ano. Na mínima da sessão, a moeda chegou a R$ 5,385.


A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado, que temia uma nova divisão entre os diretores sobre a política de juros. Em maio, as autoridades indicadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divergiram do resto do comitê, acendendo alertas sobre possíveis interferências políticas na instituição.


Nesta semana, críticas de Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, aumentaram ainda mais a tensão. Com a decisão unânime, a tendência é que os temores diminuam.


"Depois dos ruídos causados na última reunião, dessa vez o colegiado chegou num consenso. Os 9 diretores votaram de forma igual, e isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária", afirma Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.


Como mostrou a Folha, a própria equipe econômica do governo avaliou que a decisão foi acertada e crucial para evitar uma deterioração nas condições de mercado do país.


Às 10h50, o dólar caía 0,60%, cotado a R$ 5,408, enquanto o Ibovespa subia 1,09%, aos 121.573 pontos.


Em comunicado sobre a decisão, o Copom afirmou que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por elevação das projeções de inflação demandam maior cautela.


O comitê afirmou também que se manterá "vigilante" e que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".


Para Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, uma decisão equilibrada era fundamental para evitar efeitos negativos na economia.


"Caso tivesse sido mais hawkish [duro], o Copom poderia tornar o ambiente ainda mais propenso a acidentes nessa transição turbulenta. Assim como as reformas econômicas são as possíveis, não as desejadas, entendemos que o Copom teve êxito em entregar a melhor decisão possível", diz Cunha.


Já Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, destaca que o comunicado indicou que a Selic deve ser mantida em 10,50% nas próximas reuniões.


"O Copom mostrou que cortes no curo prazo não estão no radar. Não quer dizer que vai parar para sempre, mas com esse cenário alternativo, a barra está muito alta tanto para subir como para reduzir os juros. Os juros devem ficar em 10,50% por todo ano de 2024", afirma Carvalho.


Na terça (19), antes da reunião, o dólar atingiu a marca de R$ 5,441, numa valorização de 0,15%, enquanto o mercado aguardava o Copom.


O movimento do câmbio também foi potencializado pela liquidez reduzida da sessão em razão de um feriado nos Estados Unidos, que reduziu o volume financeiro global.


Já a Bolsa até começou a sessão em queda e chegou a perder os 119 mil pontos na mínima do dia, mas engatou alta no meio da tarde e garantiu um dia positivo, com apoio principalmente do setor financeiro. O Ibovespa encerrou o dia com avanço de 0,52%, aos 120.261 pontos.



Folha de São Paulo

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