quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Projetor cinematográfico de 1971 é doado pela UFMS e passa a integrar o acervo do MIS

 

                                            Fotos: Isadora Issagawa

Doado pela UFMS à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, projetor cinematográfico de 1971 passa a integrar o acervo do MIS, emociona a velha guarda e cinéfilos sonham com sessões à moda antiga

MARCOS PIERRY

No apagar das luzes de 2022, acendeu-se a esperança de projeções de filmes com um gostinho especial no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande.


Quem frequentou as salas de cinema de rua certamente será tocado pela nostalgia do escurinho do cinema, a “sala de sonhos” para cinéfilos veteranos, ao entrar no Memorial da Cultura e da Cidadania Apolônio de Carvalho.


Isso porque a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) recebeu como doação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) um projetor de cinema, fabricado em 1971, que por décadas ajudou a embalar as sessões do Teatro Glauce Rocha.


Pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, o músico e professor Marcelo Fernandes afirma que “o projetor Incol 70-35 do Teatro Glauce Rocha é um tímido protagonista da cena cultural campo-grandense desde os anos de 1970”.



MISSÃO CUMPRIDA

Para Fernandes, “sua missão como equipamento de projeção de filmes está terminada, mas sua exposição permanente no Memorial da Cultura será de grande importância para a preservação da memória cultural dos jovens sul-mato-grossenses”. Cineclubistas de plantão, de qualquer modo, já sonham com possíveis sessões protagonizadas pelo projetor.


O editor de vídeo Adão Matias, que auxiliou na desmontagem e montagem do equipamento durante a mudança do Teatro Glauce Rocha para o Memorial da Cultura e da Cidadania Apolônio de Carvalho, conhece bem a história do projetor.


Adão trabalhou como operador cinematográfico em Campo Grande de 1976 até 1989 – no Cine Santa Helena, Rialto, Alhambra, Cine Plaza, Cine Center, AutoCine e Cine Campo Grande I e II.


CARVÃO ATIVADO

“Este projetor foi instalado no Glauce Rocha na mesma época em que foi inaugurado o teatro, em 1971. Ele funcionava na base de um dispositivo chamado carvão ativado, em que você usava dois tipos de carvão, o positivo e o negativo. Quando os dois se encostavam, ele acendia uma luminosidade tipo de uma solda elétrica, e essa luminosidade era projetada na lente por um espelho côncavo”, explica Matias.


“Essa lente primeiro passava pela película, que era carregada, tinha um processo para carregar a película, que era de 35 milímetros, e aí jogava essa luminosidade na tela, na lente que projetava sobre a tela. Esse projetor é bem antigo”, recapitula o editor de vídeo. 


O projetor permaneceu por mais de 50 anos no Teatro Glauce Rocha. Agora é patrimônio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, em razão de pedido e esforços da coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro. Está exposto aos visitantes no saguão térreo do Memorial, que funciona no prédio da FCMS, na Avenida Fernando Corrêa da Costa. Outro projetor idêntico permanece no Teatro Glauce Rocha.


MISSÃO DE VIDA

“Tenho nos últimos anos colocado o cinema em Mato Grosso do Sul como uma missão de vida. Então, resgatar a história e a memória articulando feitos me deixa feliz e emocionada. E muito importante nesse processo são as pessoas que abraçam a causa, motivando e fazendo acontecer”, diz Marinete.


“Assim, minha enorme gratidão aos gestores envolvidos que ajudaram a trazer para exposição permanente no Memorial da Cultura uma peça tão rara, complexa e grandiosa física e historicamente. Tenho certeza que as pessoas que frequentaram os cinemas de rua lembrarão da luz mágica projetada sobre a tela, e, para os mais jovens, uma reflexão do cinema como uma atividade poderosa. Penso que a imponência desse projetor de cinema pode dar uma dimensão do poder da sétima arte”, afirma a coordenadora do MIS.


“Agradeço à UFMS pela doação, ao pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, Marcelo Fernandes, ao diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Gustavo de Arruda Castelo, ao secretário de Cidadania e Cultura, Eduardo Romero, entusiasta que abraçou a causa, e ao diretor-geral da FCMS, Zito Ferrari, e ao funcionário Eliel Santos, por agilizarem essa mudança, que foi complexa, pois trata-se de uma peça rara, especial e pesada”, diz Marinete.


Para o diretor-presidente da FCMS, Gustavo de Arruda Castelo, o Cegonha, é muito importante ter um desses projetores no prédio do Memorial, como acervo e patrimônio da fundação.


“É a história do cinema de nosso Estado viva e exposta, para que mais pessoas vejam e conheçam a riqueza da sétima arte, como ela é feita e como era projetada. A vinda dessa máquina só enriquece o acervo da Fundação de Cultura e contribui para a preservação da memória cinematográfica do nosso Estado”, valoriza o dirigente.


Com informação do Portal Correio do Estado

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