quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Suzano vai investir R$ 700 milhões em MS financiados pelo BNDES

 

                                           Foto: Suzano


Rodrigo Almeida

Dos R$ 2,3 bilhões destinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) para a Suzano, 30,20% vão ser investidos em Mato Grosso do Sul.


O Correio do Estado entrou em contato com a empresa sobre o tema e descobriu que, ao todo, R$ 696,2 milhões devem ser utilizados para incentivar a produção no Estado. 


A Suzano informou que R$ 42,7 milhões irão para projetos industriais e R$ 653,5 milhões serão destinados para expandir a base florestal da empresa.


Conforme o comunicado da empresa, a operação financeira contribui para uma maior diversificação das fontes de financiamento da Suzano, que coloca em curso neste momento o maior ciclo de investimentos já feito pela empresa.


“Somente em 2022 serão desembolsados R$ 16,1 bilhões em diversos investimentos nas áreas industrial, florestal e de logística, entre outras”, informa a Suzano.


O valor destinado à operação industrial será alocado na planta de Três Lagoas, conforme anunciado na nota à imprensa divulgada pelo BNDES. Ainda serão aportados valores em outras seis unidades industriais para apoiar a modernização e capacidade produtiva.


Os demais recursos vão ao encontro das expectativas do Projeto Cerrado. A meta anunciada na divulgação do que, na época, era o maior projeto industrial de celulose do mundo, é de aumentar a área plantada da empresa para 600 mil hectares de eucalipto na região de Ribas do Rio Pardo.


Segundo a nota, o acordo firmado consiste em um empréstimo de longo prazo, de até 20 anos. “[O acordo tem] um diferencial importante para setores de ciclo longo de maturação dos investimentos, como é o caso da indústria de papel e celulose”, afirma o posicionamento da Suzano. 


Além de Mato Grosso do Sul, os investimentos têm como finalidade dar suporte ao cultivo de eucalipto em outros seis estados. 


Potencial

Presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), Júnior Ramires diz que a indústria da celulose é a maior consumidora de madeira no Estado, principalmente porque o mercado externo tem uma demanda anual que cresce a um ritmo que varia entre 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas.


Com demanda pujante mundialmente e empresas cada vez mais interessadas em MS, é de se esperar que a área plantada de eucalipto, que atualmente está em 1,2 milhão de hectares, segundo o relatório anual da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), venha a duplicar nos próximos anos. 


“O crescimento garantido na próxima década é positivo, temos uma segunda linha da Eldorado em Três Lagoas, projeto da Suzano pode ser duplicado, projeto da Arauco também, estamos falando de quatro grandes projetos, sendo oito linhas de produção. E vamos precisar chegar à marca de 2 milhões de hectares rapidamente”, avalia.


Segundo o diretor da empresa Regrow, Renato Rodrigues, atualmente é possível estimar 15 milhões de hectares de pastagem degradas no Estado. “Em torno de 72% disso tem algum nível de degradação, então, são 11 milhões de hectares. Isso é uma baita oportunidade”, resume.


Rodrigues afirma que, atualmente, Mato Grosso do Sul tem em torno de 3,8 milhões de hectares com Intregração Lavoura-Pecuária (ILP) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).


“A indústria florestal agrega o componente florestal à integração lavoura-pecuária e aumenta o potencial de geração de renda pro produtor. Não existe falar em sustentabilidade sem falar em economia”, classifica.


Conforme o gerente de negócios florestais da Suzano no Estado, Miguel Caldini,  a empresa vê também com muitos bons olhos a adoção do ILPF pelos produtores rurais.



“Principalmente falando aqui do Mato Grosso do Sul, isso contribuiu para esse processo de captura de carbono. Eu cuido dessa parte de negócios florestais e rodo muito o Estado, vou a muitas fazendas e vejo um grande potencial em fazer alguma coisa nesse sentido”, comenta. 


Crescimento

Além do projeto da Suzano, a empresa chilena Arauco anunciou a construção de uma planta quase do mesmo porte da empresa brasileira em Inocência. Com isso, a região do bolsão tem tudo para se firmar como o principal polo mundial de produção de madeira e celulose.


Junior Ramires, do Reflora-MS, comenta que a  concentração do setor florestal se manterá no leste de MS. “As áreas degradadas que precisamos para transformá-las em áreas produtivas estão nesta região. Hoje, o mais importante é que setor tem a dispensa do licenciamento ambiental, no caso, no bioma Cerrado”, revela. 


Segundo Ramires, esssa possibiidade de oito novas fábricas vão gerar riquezas para MS. “A grande vantagem é que agregamos valor à produção e atividade rural melhora. A atividade industrial da celulose será a mais importante, superando até a soja”, espera.


No última semana, o governo do Estado anunciou mais um investimento ligado à celulose.


Com valores esperados de R$ 406 milhões, uma indústria química para a fabricação de cloreto de sódio, peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro e hidrogênio será instalada no mesmo sítio onde está sendo construída a fábrica da Suzano em Ribas.


Conforme o doutor em economia Michel Constantino, a geração de valores que o setor de celulose está ofertando para Mato Grosso do Sul é de um futuro de muitas oportunidades. “Minha previsão é que o PIB de MS aumente entre 8 e 10% com as duas plantas em funcionamento pleno”, projeta.


Segundo ele, as cidades vão chamar atenção de pessoas de outras localidades e desenvolver as regiões em que estão inseridas. “Isso vai triplicar o número de habitantes dessas cidades, gerar emprego e mudar o cenário produtivo de Mato Grosso do Sul”, finaliza.


Com informação do Portal Correio do Estado

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