sábado, 20 de março de 2021

Dilma rebate Aécio: “Seus atos condenaram o Brasil ao desastre”

 



congressoemfoco


A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou uma nota (leia íntegra no fim do texto) criticando as respostas dadas pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG) a uma entrevista concedida ao Congresso em Foco no início da semana. No texto intitulado "A 'lavagem' biográfica", Dilma diz que o parlamentar mineiro "tenta limpar sua biografia para retirar dela as manchas indeléveis que o identificam como um antidemocrático golpista



Dilma diz ainda que "Aécio nunca aceitou de fato a derrota" e que"nunca houve dúvida quanto à intenção golpista e desqualificada de Aécio Neves no Congresso: desestabilizar o governo eleito, por meio de sabotagem explícita, visando inviabilizar as ações políticas, econômicas e administrativas necessárias para o bem do país".


Na entrevista dada ao repórter Lauriberto Pompeu, Aécio Neves diz que reconheceu o resultado das eleições "meia hora depois do resultado oficial" e que ligou para a presidente eleita desejando a ela "sucesso no desafio de unificar o país". "Lamentavelmente, ela não entendeu nada disso, sequer cumpriu uma liturgia histórica desses momentos que é comunicar o recebimento já dos cumprimentos, o que finaliza do ponto de vista político a disputa."


Na carta, a ex-presidente diz ainda que o mineiro "mandou o seu partido, o PSDB, entrar com uma ação no TSE pedindo a recontagem dos votos" e que após ser derrotado na Corte, determinou que o partido entrasse com recurso para impugnar sua diplomação. "Foi derrotado mais uma vez. E então partiu para o golpe."


Na entrevista ao Congresso em Foco, Aécio afirma que "em razão de inúmeras denúncias que chegaram em relação a resultados de urnas, foi uma busca de uma investigação se era ou não possível haver alguma burla, alguma manipulação nas urnas. Foi feita uma auditoria interna. O TSE delegou ao PSDB que indicasse peritos. Qual foi a conclusão final? É que elas são inauditáveis. Não há como auditar as urnas, não há como saber se pode ou não ter havido algum tipo de manipulação. Foi absolutamente inconclusivo esse questionamento nosso e, depois, o TSE por bem achou que deveria negar provimento àquela ação".


Dilma diz ainda que os atos de Aécio em 2014 "condenaram o Brasil ao desastre, ao produzir o governo nefasto de Temer, levando direto a Bolsonaro e à atual catástrofe de pobreza, fome, doença e mortes".


Na entrevista, Aécio negou qualquer irregularidade no caso JBS, no qual é acusado de ter recebido propina do dono do grupo, Joesley Batista, falou sobre a corrida eleitoral para 2022, as prévias do PSDB, sua nova função à frente da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara e criticou o correligionário João Doria (SP), ao dizer que "a obsessão pelo marketing do governador de São Paulo é tão grande que até as virtudes dele acabam não trazendo os ganhos e apoios que ele poderia ter."


Leia a íntegra da manifestação de Dilma Rousseff:


A “LAVAGEM” BIOGRÁFICA


Não é verdade que Aécio aceitou a derrota, e os fatos estão aí, registrados na mídia e na história para provar.


Sete anos depois da eleição de 2014, em entrevista ao site “Congresso em Foco”, Aécio Neves tenta limpar sua biografia, para retirar dela as manchas indeléveis que o identificam como um antidemocrático golpista. Ele diz que reconheceu sua derrota nas urnas.


Não é verdade e os fatos estão aí, registrados na mídia e na história para provar.


Aécio nunca aceitou de fato a derrota. Chegou a comemorar a vitória antes da hora e, inconformado com o resultado, mandou o seu partido, o PSDB, entrar com uma ação no TSE pedindo a recontagem dos votos.


Foi derrotado de novo.


Em seguida, determinou que o PSDB entrasse com outro recurso no TSE, para impugnar a minha diplomação como presidenta eleita.


Foi derrotado mais uma vez. E então partiu para o golpe.


Em conversa com o empresário Joesley Batista, que o denuncia como um dos corruptos mais afoitos que conheceu, gravada com autorização judicial, referiu-se em termos indignos as suas próprias ações e deixou clara sua decisão de boicotar o governo: “Vamos entrar com um negócio aí. Lembra depois da eleição? Os filhas da p… sacanearam tanto a gente, vamos entrar com um negócio aí para encher o saco deles também”.


Nunca houve dúvida quanto a intenção golpista e desqualificada de Aécio Neves no Congresso: desestabilizar o governo eleito, por meio de sabotagem explícita, visando a inviabilizar as ações políticas, econômicas e administrativas necessárias para o bem do País.


Em maio de 2015, o PSDB de Aécio Neves contratou juristas para escrever um pedido de impeachment. Janaína Paschoal afirmou ter recebido R$ 45 mil do PSDB para participar deste trabalho. A ação do partido revelava premeditação, por ser deliberadamente precipitada, já que o mandato a que um eventual impeachment poderia se referir mal havia começado.


O designío golpista de Aécio Neves foi revelado em todos seus atos desde o final de 2014.


Uma das figuras mais proeminentes do PSDB, o senador Tasso Jeireissati, acabou por admitir, em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2018: “O partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer. Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder.”


Para limpar sua biografia, Aécio precisa combinar antes com seus próprios companheiros de partido e, sobretudo, com a história recente e todos que a vivenciaram. Sua tentativa de “lavagem” biográfica está, em definitivo, condenada ao fracasso, diante da montanha de evidências e fatos reveladores de seu golpismo irresponsável e leviano. Seus atos condenaram o Brasil ao desastre, ao produzir o governo nefasto de Temer, levando direto a Bolsonaro e à atual catástrofe de pobreza, fome, doença e mortes. Os democratas não podem deixar que a irresponsabilidade de Aécio Neves resulte em novas consequências catastróficas para o Brasil.


DILMA ROUSSEFF

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