segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Águas Guariroba tenta captar R$ 350 milhões no mercado financeiro

 

Rodrigo Almeida


A Águas Guariroba vai ao mercado novamente captar fundos. Na 5ª emissão de valores da companhia, a subsidiária da Aegea, a maior empresa privada de saneamento do País, espera angariar R$ 350 milhões, segundo ata publicada na imprensa na quinta-feira (05).  


De acordo com o documento, assinado no dia 29 de outubro em reunião de assembleia extraordinária em Campo Grande, ficou decidido que serão emitidos 350.000 títulos a serem negociados pelo valor de R$ 1 mil cada.  


O documento ainda informa que os recursos serão destinados para a “realização de investimentos e/ou reembolso de gastos, despesa e/ou dívidas relacionadas de investimentos e reforço de reserva de liquidez da companhia”.  


Não está especificado o uso destes recursos em investimentos de infraestrutura, como, por exemplo, a expansão da rede de esgoto sanitário em Campo Grande, que ainda não atingiu a universalização.  


Apesar de ser uma empresa de capital fechado, a Aegea está listada na bolsa de valores B3 na categoria B. Isso quer dizer que ela pode emitir títulos de valores mobiliários, seguindo a mesma rigidez aplicada às empresas de capital aberto que negociam ações.  


Na categoria B, a diferença é que as empresas ficam impedidas de negociar ações ou fazer negócios que envolvam certificado de depósito de ações. Esta instrução da CVM permite às companhias com pequena base societária que não querem abrir mão de capital social e controle corporativo aproveitar captação de recursos de investidores cadastrados na Bolsa de Valores por meio de emissão de debêntures.


 

DEBÊNTURES

Títulos desse tipo são usados por empresas privadas como uma forma barata de captação de dinheiro para financiamento de investimentos. Em vez de pegar valores emprestados em bancos a juros maiores, companhias vão à Bolsa e oferecem retornos distintos para investidores, que podem ser pessoas físicas, investidores qualificados, gestores de fundos e outros agentes atuantes.  


As debêntures são um tipo de renda fixa. Assim como títulos do tesouro, que são lastreados e pagos pelo governo, a garantia para o investidor é poder apoiar projetos de empresas robustas que pretendem expandir negócios e aumentar retornos. O prêmio pago em forma de juros é garantido pela empresa captadora.  


No caso da Águas, o retorno oferecido a quem se interessar no financiamento das atividades da concessionária é a Taxa DI (Depósito Interbancário) mais juros de 2,70%, todos calculados sobre uma base anual de 252 dias, a quantidade de dias úteis presentes em um ano.  


No dia 6, a Taxa DI estava sendo negociada a 1,9%. Este indicador é a principal referência para rentabilidade de investimentos e acompanha de perto a taxa básica de juros, a Selic.  


No resultado divulgado no segundo trimestre deste ano, a empresa revela endividamento na ordem de R$ 3,8 bilhões: 91,8% formados por pagamentos a serem feitos no longo prazo, e apenas 8,2%, ou R$ 312 milhões, em valores a serem pagos no curto prazo.  


Além disso, a Agea demonstrou no fluxo de caixa do encerramento do segundo trimestre ter dobrado a quantidade adquirida na linha Empréstimos, Financiamentos e Debêntures Captadas no demonstrativo de resultado referente ao primeiro período contábil de 2020. No começo do ano, esse valor era de cerca de R$ 854 milhões. Com os recursos entrantes, o montante passou para R$ 1,6 bilhão.  


Os pagamentos aos investidores devem ser efetuados semestralmente pela emissora e está fixada a multa de juros de 1% ao mês em caso de atraso.


A probabilidade de que esses títulos não sejam pagos são baixas. A renda fixa é um dos investimentos menos arriscados, entretanto, as debêntures apresentam um risco um pouco maior porque não são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).  


Este mecanismo serve como um seguro, caso a instituição financeira não consiga arcar com os compromissos. Porém, só estão disponíveis para investimentos de Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Câmbio (LC) e Letras Hipotecárias (LH), além de depósitos em caderneta de poupança.  


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