Agência Lusa
A Procuradoria da Colômbia informou, ontem (16), que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) recrutaram 11.556 menores de idade entre 1975 e 2014.
"Isso constitui crime internacional, que é crime de guerra", afirmou o procurador Jorge Perdomo, que coordenou uma investigação da Procuradoria colombiana, no ano passado, sobre o recrutamento de menores pelas Farc.
Os resultados da investigação foram divulgados um dia depois de o governo da Colômbia e as Farc terem anunciado um acordo para a retirada de menores de 15 anos dos acampamentos do grupo guerrilheiro e a elaboração de um plano para a desmobilização progressiva de todos os que têm menos de 18.
"Dentro das políticas de recrutamento de menores", as Farc estabeleceram os 15 anos como a idade mínima para integrar as suas fileiras e milícias, disse o procurador.
Jorge Perdomo afirmou que a investigação concluiu que "essa política de recrutamento ilícito" pode ser atribuída ao secretariado e ao Estado Maior" das Farc.
Segundo a Procuradoria, em 47% dos casos, as Farc conseguiram persuadir os menores a integrar as suas fileiras. Além disso, 23% dos menores foram enganados e em 30% dos casos houve recrutamento forçado.
De acordo com os dados divulgados, 33% dos menores recrutados eram mulheres.
O governo colombiano e a guerrilha das Farc anunciaram no domingo (15) um acordo para a retirada de menores de 15 anos dos acampamentos do grupo.
Segundo comunicado conjunto, o acordo inclui a elaboração de um plano para a desmobilização progressiva dos menores de 18 que integram as fileiras das Farc e um programa para a reintegração na sociedade civil de todas as crianças e adolescentes que saiam da guerrilha. Em fevereiro, o grupo já havia assumido o compromisso de não voltar a recrutar menores de 18 anos.
Pelo acordo, todos os menores que saiam da guerrilha serão considerados vítimas e os que têm menos de 14 anos nunca poderão ser considerados responsáveis.
O negociador das Farc, Ivan Marquez, disse no domingo que há 21 menores de 15 anos nos acampamentos da guerrilha.
A reinstalação e acompanhamento dos menores contará com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Internacional das Migrações (OIM).
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