Por Julien Pretot
(Reuters)
Com "Julieta", que estreia no Festival Internacional de Cinema de Cannes ontem(17), o diretor Pedro Almodóvar retorna ao "universo feminino" com as cores intensas que se tornaram sua marca registrada.
O filme, estrelado por Emma Suárez como a protagonista mais velha e Adriana Ugarte como sua versão mais jovem, mostra uma mãe mergulhando na depressão depois que sua filha desaparece. Seu marido, Xoan, vivido por Daniel Grao, morreu vários anos antes.
"Acho que voltei a um lugar –um lugar que nunca abandonarei totalmente, que é o universo da mulher– o universo feminino", disse Almodóvar, que conquistou o prêmio de melhor diretor em Cannes por "Tudo Sobre Minha Mãe" em 1999.
Ele não fazia um filme centrado em uma personagem feminina desde "Volver", dez anos atrás, e em "Julieta" também explora outro tema favorito – as mães.
"Fiz muitos filmes sobre mães, mas acredito que esta mãe... se você a comparar a outras mães, ela é a mais vulnerável", afirmou o cineasta espanhol em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira.
"Se a compararmos a todas as outras mães de meus filmes, que são mulheres poderosas com uma capacidade de lutar que parece sobrehumana... mas transformei Julieta em uma vítima das perdas".
A 20ª produção de Almodóvar volta a usar uma variedade de cores – vermelho, laranja e azul – que dão ao filme uma textura única.
"Sou filho do technicolor. Os primeiros filmes de que me lembro como criança eram em technicolor, cores muito claras e contrastantes. Meus filmes podem ser algo barrocos, e é claro que sou um filho dos anos 1960... tudo isso levou a um uso exagerado das cores".
Indagado sobre a menção de seu nome e do de seu irmão no escândalo dos "Panama Papers", segundo os quais eles teriam tido ligação com uma empresa offshore nos anos 1990, ele respondeu: "Se os Panama papers fossem um filme... não seríamos nem extras nesse filme".
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