Dos 2.697 casos de chikungunya confirmados no estado de São Paulo em 2025, 1.449 (53,7%) são de Tupã (a 514 km da capital). É o que mostra o painel de arboviroses da Secretaria Estadual da Saúde. Os números foram atualizados ao meio-dia desta quarta-feira (12).
A incidência da doença no estado é de 7,3 casos por 100 mil habitantes. No município, o coeficiente é de 2.269,7.
As duas mortes por chikungunya no estado também ocorreram em Tupã. A primeira foi de um homem de 60 anos, com diabetes. Segundo a prefeitura local, ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia e recebeu toda atenção da rede de saúde.
Os sintomas começaram no dia 3 de janeiro. O paciente morreu oito dias depois. A confirmação da causa da morte saiu em 11 de fevereiro.
A segunda vítima era uma mulher de 87 anos, que começou a apresentar os sintomas no dia 31 de janeiro. Ela não passou por atendimento na rede básica de saúde —foi assistida na Santa Casa. O quadro se agravou e a paciente morreu em 15 de fevereiro.
A Prefeitura de Tupã atribui o alto número de casos de chikungunya ao fato de os exames serem feitos em laboratório municipal. A maioria das cidades paulistas utiliza o Instituto Adolfo Lutz. De acordo com nota enviada, a realização de exames na própria cidade permite que os resultados sejam divulgados com maior rapidez.
A assessora técnica em saúde pública do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo, Nathalia Franceschi, ressalta que também é importante a sensibilização do profissional da saúde na identificação dos casos. Segundo a bióloga, a suspeita é importante porque em alguns municípios paulistas, em especial na região noroeste, há a circulação de mais de uma arbovirose. No caso de Tupã, dengue e chikungunya.
Essa sensibilização também corrobora com o aumento do número de casos confirmados, especificamente naquela região. E não quer dizer que a chikungunya não esteja circulando no município vizinho. Por isso, frisamos essa questão em todas as nossas capacitações. Tem algumas sintomatologias mais específicas do paciente com suspeita de chikungunya, que é uma artralgia [dor nas articulações] muito mais intensa. A febre não é tão alta", explica.
A Prefeitura de Tupã afirmou que tem um trabalho de limpeza combinado com ações, como a nebulização com inseticidas e busca ativa por criadouros do Aedes aegypti —transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus—em toda a cidade. No mês de fevereiro, 6.131 imóveis foram nebulizados —é o maior já registrado desde que o serviço foi municipalizado, em 1991. A ação é casa a casa.
Em outra frente, 8.047 imóveis foram nebulizados no período noturno (fumacê). As equipes percorreram quase 160 quilômetros pelas ruas da cidade.
Chikungunya
A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada.
Na chikungunya, a dor nas articulações é intensa e pode ser prolongada. Segundo o Ministério da Saúde, Saúde, em mais de 50% dos casos, a artralgia torna-se crônica e pode persistir por anos.
Outros sinais e sintomas
Febre acima de 38ºC
Edema nas articulações (geralmente as mesmas afetadas pela dor intensa)
Dor nas costas
Dores musculares (intensas)
Manchas vermelhas pelo corpo (surgem no 1º ou 4º dia em 50% dos casos)
Coceira leve na pele, que pode ser generalizada ou localizada apenas nas palmas das mãos e plantas dos pés
Dor de cabeça
Dor atrás dos olhos
Conjuntivite (cerca de 30% dos casos)
Náuseas e vômitos
Dor de garganta
Calafrios
Diarreia e/ou dor abdominal (manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes em crianças)
O tratamento contra a chikungunya é feito de acordo com os sintomas. Não há um antiviral específico para a doença.
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