Nos intervalos da crise com partidos aliados, a presidente Dilma Rousseff tem se dedicado, em seu quarto no Palácio da Alvorada, a um mergulho na história do Império.
Ela contou à revista "Veja" que está lendo "A Construção Nacional: 1830-1889" (Objetiva, 320 págs., R$ 43,90), organizado pelo historiador José Murilo de Carvalho.
O livro trata do período entre a abdicação de d. Pedro 1º e a deposição de d. Pedro 2º. Ambos deixaram a coroa por falta de apoio político --o pai em confronto com o Parlamento, e o filho derrubado pelos militares republicanos.
Professor aposentado da UFRJ e integrante da Academia Brasileira de Letras, Carvalho afirma aprovar o endurecimento da presidente nas relações com o Congresso.
"O Brasil avançou no social, mas perdeu em valores republicanos. Houve uma degeneração dos costumes políticos no governo Lula", diz.
"Dilma está enfrentando isso com grande esforço. As novas direções que está dando são muito positivas. E ela, surpreendentemente, ainda tem conquistado popularidade por cobrar mais correção."
Apesar dos elogios, o autor avisa que a presidente pode enfrentar novas represálias por ameaçar o trono de monarcas da Câmara e do Senado. O governo sofreu derrotas recentes nas duas Casas.
"Não sei se ela conseguirá conviver com o Congresso se mantiver essa postura de acabar com o toma lá, dá cá."
Modesto, Carvalho desconversa ao ser questionado sobre as lições que seu livro pode dar a Dilma na crise. "Não sou muito favorável à ideia de que a História é a mestra da vida, como dizia Cícero [orador romano do séc. 1º a.C.]."
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